Folha de S.Paulo

Lakers reagem com LeBron e Paulo Coelho

Equip ede Los Angeles monta program ade palestras co mp essoas qu en ã ot êm qualquer ligaçã o co m o basquete

- Marcos Guedes

Quando o Los Angeles Lakers se viu na maior crise da sua história, a dona do time demitiu o próprio irmão, responsáve­l pela montagem do elenco, e colocou em seu lugar o ex-jogador Magic Johnson. Magos de outras áreas também deram suas contribuiç­ões, e a equipe vai enfim fazendo uma boa temporada após cinco fora do mata-mata.

O principal motivo da campanha é LeBron James. Um craque contratado graças à lábia de Magic e anunciado com um trecho de “O Alquimista”, do brasileiro Paulo Coelho.

“Quando alguém tomava uma decisão, na verdade estava mergulhand­o numa correnteza poderosa, que levava a pessoa para um lugar que jamais havia sonhado na hora de decidir”, leu o dirigente Rob Pelinka, empunhando o livro para explicar que a chegada do astro era o mergulho.

Pelinka, o homem escolhido por Magic para ajudá-lo na tarefa de reconduzir a franquia à glória, adora referência­s estranhas ao mundo esportivo. Por isso, se divertiu ao citar “O Alquimista” — indicado a ele por Kobe Bryant e lido pelo próprio LeBron — e colocou os jogadores em contato com pessoas bem-sucedidas em outras áreas.

Assim, é possível que, após um treino, o grupo se sente para ouvir o que tem a dizer o bilionário Elon Musk, executivo da Tesla. Em outro dia, o palestrant­e pode ser o ator/ lutador/qualquer coisa Dwayne “The Rock” Johnson, explicando como é produtivo se ver com as costas na parede.

Desde que foi instituída a “Genius Series”, nome dado ao programa, os jogadores conversara­m com profission­ais de ideias transportá­veis ao basquete, como Allyson Felix, do atletismo, e oradores que exigiram imaginação maior, como o produtor de cinema Jeffrey Katzenberg.

No começo da atual temporada, o convidado foi o rapper Kendrick Lamar, primeiro artista a ganhar o Pulitzer sem se dedicar à música clássica ou ao jazz. O ala-armador Josh Hart, 23, ficou impression­ado.

“Seis meses antes de trabalhar em um álbum, ele começa a entrar no espírito de como quer o diálogo, como ele quer que os ouvintes reajam”, disse Hart. “É a mentalidad­e que temos de assumir.”

O último visitante foi Denzel Washington, tratado com enorme reverência por LeBron James. Dono de duas estatuetas do Oscar, o ator apareceu após uma derrota por 32 pontos para o Denver Nuggets e viu os Lakers ganharem as quatro partidas subsequent­es.

“Não foi assim: ‘Perdemos, vamos chamar o Denzel’. Ele não está na discagem rápida”, gargalhou o técnico Luke Walton, ciente de que ler o “O Alquimista” e receber gênios de outras áreas não resolve tudo.

Em recuperaçã­o, a equipe ainda patina. Se a campanha é bem melhor do que as anteriores e deixa a formação california­na entre as cinco melhores da Conferênci­a Oeste, há muito trabalho a ser feito.

Como disse Rob Pelinka, o mergulho acabou de ser dado.

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