Folha de S.Paulo

China e EUA já se acertam, mas pode sobrar para Canadá

- Nelson de Sá nelson.sa@grupofolha.com.br

O estatal chinês Huanqiu/Global Times manchetou a convocação dos embaixador­es de EUA e Canadá por Pequim, que criticou a prisão de Sabrina Meng Wanzhou, executiva da gigante Huawei.

Já o South China Morning Post fugiu da retórica nacionalis­ta e destacou “Por que a China está focando sua fúria no Canadá”, que prendeu Sabrina a pedido dos EUA. Em suma, Pequim “decidiu comprar uma briga com o Canadá porque quer evitar um maior confronto com os EUA em meio às negociaçõe­s sobre a guerra comercial”.

O jornal privado ouviu de Wang Yiwei, da Universida­de Renmin, que “o caso foi trazido à tona por uma facção de Washington que queria minar as negociaçõe­s” e que “seria imprudente deixá-lo desfazer” a trégua acertada por Trump e Xi Jinping.

Em entrevista à CBS no domingo, com eco na mídia chinesa, o representa­nte dos EUA nas negociaçõe­s, Robert Lighthizer, afirmou na mesma linha que são “assuntos completame­nte separados” e as conversas não devem sofrer “impacto maior”.

Ao fundo, o principal jornal canadense, Globe and Mail, trouxe a manchete “Canadá pagará ‘um preço alto’, alerta a China em novo posicionam­ento sobre prisão”.

‘inquisição’ No WSJ, a prisão do executivo franco-libanêsbra­sileiro Carlos Ghosn, que comandava a aliança RenaultNis­san, ganhou “uma nova reviravolt­a no drama”. Segundo o jornal, ele “planejava, antes de ser preso, trocar o presidente-executivo da Nissan”, que foi quem levou a justiça do país a prendê-lo. Em editorial, o mesmo WSJ já havia denunciado o episódio sob o enunciado “A Inquisição Ghosn”, falando em “uma emboscada da Nissan” e afirmando que ela “incomoda qualquer um que se preocupe com o devido processo e a governança corporativ­a no Japão”.

‘fascistas’ Em reportagem sobre os protestos que marcaram este domingo (9) no Reino Unido, o Guardian ouviu da coordenado­ra da organizaçã­o Momentum, que lidera hoje o Partido Trabalhist­a inglês e chamou a manifestaç­ão contra os “fascistas” londrinos: “Nós vimos a ascensão aterroriza­nte na Europa, na Hungria, na Polônia. Nós temos Donald Trump nos EUA, Jair Bolsonaro no Brasil e Tommy Robinson vagando em Londres. Isso simplesmen­te tem que ser parado”.

‘autocratas’ O New York Times publicou o artigo “O que acontece quando um memorial do Holocausto se torna anfitrião de autocratas”, sobre a revolta dos funcionári­os do Yad Vashem, em Israel. Ele recebeu visitas oficiais do húngaro Viktor Orban, “que louvou o líder que aliou a Hungria à Alemanha nazista e colaborou no assassinat­o dos judeus do país”; do austríaco Sebastian Kurz, cujo governo inclui um partido fundado por “dois oficiais da SS”; do filipino Rodrigo Duterte, “que se comparou a Hitler como um elogio”; e deve receber nos próximos meses o italiano Matteo Salvini e “o populista brasileiro Jair Bolsonaro”.

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