Folha de S.Paulo

Jogadores brasileiro­s são maioria na fase de grupos da Champions

Com 10% dos jogadores, Brasil superou potências europeias e sul-americanas na última rodada

- Paulo Vinícius Coelho

A Champions League define a partir desta terça-feira (11) os donos das quatro vagas que restam para as oitavas de final, com a expectativ­a de que 10% dos jogadores escalados sejam brasileiro­s. Foi essa a quantidade na última rodada e a média na temporada 2018/2019.

Há mais brasileiro­s escalados (45) do que franceses (37), espanhóis (33), holandeses (25), alemães (22) ou ingleses (20). Com 11 titulares e 3 reservas, até 448 jogadores podem atuar por rodada na fase de grupos.

Entre os sul-americanos, historicam­ente exportador­es, 14 argentinos e 7 uruguaios foram escalados há duas semanas, quando 12 clubes garantiram vagas nas oitavas.

Dos 32 times na fase de grupos, apenas três não têm brasileiro­s: Borussia Dortmund, Viktoria Plzen e Young Boys. Mas a conta acima não trata de quem faz parte da equipe, inclui apenas os que de fato entraram em campo.

É possível discutir a qualidade dos brasileiro­s. Há jogadores de seleção, como Arthur, do Barcelona, Marquinhos, do Paris Saint-Germain, Alisson, do Liverpool e Allan, recémconvo­cado por Tite.

Protagonis­tas, como Neymar, e coadjuvant­es, como Rodrigo Galo, que começou no Avaí e pertence ao AEK Atenas. Jovens promessas, como David Neres, ex-São Paulo, hoje no Ajax, e veteranos, como Thiago Silva, do PSG.

O que parece incrível é notar que, num período em que se discute a capacidade do Brasil para revelar jogadores, o maior torneio de clubes do mundo escale mais brasileiro­s do que atletas europeus. A Itália escalou apenas 14 na última rodada. São três vezes mais brasileiro­s do que italianos.

Sempre houve estrangeir­os. O Real Madrid, pentacampe­ão europeu em 1960, reunia os argentinos Dominguez e Di Stéfano, o uruguaio Santamaria, o brasileiro Canário e o húngaro Puskas.

Mas, a partir de 1996, quando os jogadores europeus passaram a jogar sem restrição de nacionalid­ade, desde que portando passaporte­s da Comunidade Europeia, como em qualquer outra profissão, houve uma explosão.

O Chelsea, em 1999, foi o primeiro time de uma grande liga a escalar 11 titulares sem que nenhum fosse nativo do seu país. Em 2010, a Inter de Milão ganhou a Champions League com 11 estrangeir­os e o técnico português José Mourinho no banco de reservas.

Desde 1999, quando Manchester United e Bayern de Munique fizeram a decisão da Champions, todas as finais têm jogadores brasileiro­s. O Liverpool, em 2005, foi o último campeão e o único neste século sem brasileiro­s.

Tanto na quinta rodada da fase de grupos deste ano quanto na última da fase de grupos do ano passado, uma semelhança: dentre trocas de camisas e nomes, em ambas 45 brasileiro­s entraram em campo por 24 equipes diferentes. saldo de gols, gols marcados, gols fora de casa, vitórias, vitórias fora de casa, desempenho disciplina­r (cartões) e, finalmente, o “coeficient­e de clubes” (ranking da Uefa feito com base no desempenho das últimas cinco temporadas).

Há a possibilid­ade de uma igualdade tripla, caso o Liverpool vença e o PSG empate. Neste cenário, os ingleses se classifica­riam em primeiro do grupo. O segundo lugar seria decidido pelo resultado do jogo em Anfield: para avançar, o time italiano não pode perder por mais de um gol de diferença e precisa balançar as redes pelo menos duas vezes.

A equipe de Neymar estará nas oitavas se triunfar ou se o time de Jugern Klopp não vencer. Os napolitano­s precisam apenas de um empate, mas classifica­m-se mesmo perdendo se os franceses também forem derrotados.

Para o Liverpool, só a vitória interessa. Se o PSG também vencer, os ingleses precisarão triunfar por 1 a 0 ou por mais de dois gols de diferença para eliminar o Napoli.

Os Grupos B e F também têm uma vaga cada a ser decidida na última rodada. No primeiro, Tottenham e Inter de Milão disputam o segundo lugar, atrás do Barcelona.

Os italianos só avançam se conquistar­em um resultado melhor que os ingleses. Enquanto o desafio da Inter é em casa contra o já eliminado PSV, o time de Londres encara o líder do grupo, no Camp Nou.

No Grupo F, o Manchester City já está classifica­do. Lyon e Shakhtar Donetsk fazem confronto direto pela outra vaga. A equipe francesa precisa voltar da Ucrânia ao menos com um empate em partida a ser disputada na próxima quartafeir­a (12) para avançar às oitavas de final da competição.

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