Segurança pública para além do ‘tem que mudar isso aí’
A dramaticidade do problema da segurança no Brasil é proporcional à quantidade de chavões demagógicos sobre a questão. Mas dois livros deste ano qualificam o debate, indo além da indignação simplista com o tema. “Para Virar o Jogo”, de Ilona Szabó e Melina Risso, faz um bom bê-a-bá da segurança pública: que fatores potencializam a criminalidade? Quais as atribuições de cada esfera de poder? Como funcionam as polícias? Atuantes no terceiro setor, as autoras explicam a ineficácia da política de drogas e do encarceramento em massa e propõem medidas para a prevenção do crime, como a redução da evasão escolar e a adoção do policiamento comunitário.
A superlotação dos presídios, abordada na obra, contribuiu para a expansão das facções criminosas no país.
A maior delas, o PCC, é objeto de outro lançamento. “A Guerra”, dos pesquisadores Bruno Paes Manso e Camila Nunes Dias, narra a ascensão da organização depois do massacre do Carandiru (1992). O livro conta como o grupo passou das cadeias às periferias, como pro- moveu rebeliões e como cresceu de São Paulo para o país inteiro. Também explica como o racha com o Comando Vermelho, do Rio, provocou matanças nos presídios em 2017. Os autores destrincham ainda a comunicação interna usada pela facção, reproduzindo os chamados “salves” (mensagens da cúpula).