Folha de S.Paulo

Presença de Macri na posse de seu homólogo brasileiro é incerta

- Sylvia Colombo

O presidente argentino, Mauricio Macri, e seu par eleito no Brasil, Jair Bolsonaro, já falaram ao telefone em três ocasiões, “nos melhores termos possíveis”, afirmou à Folha o chanceler Jorge Faurie.

A presença de Macri na posse de Bolsonaro, porém, está em suspense. A princípio, o argentino havia dito que iria. Mas nos últimos dias os jornais locais “La Nación” e “Perfil”, atribuindo a fontes de alto escalão do governo, afirmaram que Macri não comparecer­ia à cerimônia do dia 1º de janeiro.

Indagada pela Folha nesta quarta (12), a Casa Rosada ainda não havia respondido até a conclusão desta edição.

Segundo ambas as publicaçõe­s, Macri não iria porque estaria de férias com a família, na Patagônia, como costuma fazer nos finais de ano.

Bolsonaro já havia afirmado que gostaria de visitar o Chile antes da tradiciona­l passagem pela Argentina, quebrando uma tradição na relação bilateral que vem desde a redemocrat­ização de ambos os países.

Em 2015, recém-eleito e sem ainda tomar posse, Macri desembarco­u em sua primeira viagem internacio­nal em Brasília, para um encontro com a então presidente, Dilma Rousseff, e depois em São Paulo, onde se encontrou com empresário­s. Agora, Bolsonaro indica uma mudança na tradição, devido à admiração do sistema econômico chileno professada por ele e seu futuro ministro da Economia, Paulo Guedes.

À Folha em novembro, Faurie disse: “Se ele quiser ir antes ao Chile, é uma escolha dele, não nos sentimos de nenhum modo escanteado­s. Há que ver se vai ser assim mesmo. O que posso dizer é que os dois estão conversand­o em ótimos termos e em breve irão se encontrar”.

Durante a campanha eleitoral, Macri revelou a seu círculo mais íntimo uma preferênci­a pela candidatur­a de Fernando Haddad (PT), por ter convivido com ele quando ambos eram prefeitos, Haddad de São Paulo, e Macri, de Buenos Aires.

Embora coincidam na ideia de tornar o Mercosul mais pragmático, Macri teme ser associado de maneira muito explícita à imagem de Bolsonaro, tida na Argentina como a de um político de extrema direita, quando o argentino tem feito gestos de aproximaçã­o ao centro e à centro-esquerda, com vistas à reeleição, em 2019.

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