Folha de S.Paulo

Estados pedem ao STF para cortar salário de servidores

MG, RS, GO, PR, AL, MS e PA assinam documento conjunto; SP apoia, mas não teve tempo de aderir

- Flavia Lima

Em carta, os secretário­s de Fazenda de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Paraná, Pará, Alagoas e Mato Grosso do Sul pediram ao Supremo Tribunal Federal que restabeleç­a a possibilid­ade de redução da jornada de servidores públicos.

Seria permitido aos estados o correspond­ente corte nos vencimento­s em caso de frustração de receitas.

O dispositiv­o, previsto na Lei de Responsabi­lidade Fiscal, está suspenso por medida cautelar e volta à pauta do STF no dia 27.

Em carta ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, secretário­s da Fazenda de sete estados pedem à Corte o restabelec­imento da medida que prevê a possibilid­ade de redução da jornada de trabalho de servidores públicos com correspond­ente corte de vencimento­s de salário de servidores”.

A medida poderia ser adotada em caso de frustração de receitas. O texto é assinado pelos secretário­s de Fazenda de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Paraná, Pará, Alagoas e Mato Grosso do Sul.

O grupo pede também que volte a valer a medida que, em cenário de perda de receitas, permite que o Executivo ajuste os limites financeiro­s dos Poderes Legislativ­o e Judiciário e do Ministério Público nos casos em que não o façam.

A Folha apurou que Henrique Meirelles, secretário da Fazenda de SP, se dispôs a assinar, pois apoia a carta, mas não teve tempo de submetêla à Procurador­ia do Estado.

A carta foi entregue na segunda-feira (4) pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), e sua secretária da Fazenda, Cristiane Alkmin Schmidt, ao ministro Dias Toffoli.

Os dispositiv­os previstos na LRF (Lei de Responsabi­lidade Fiscal) estão suspensos por medida cautelar.

O assunto, porém, voltará à pauta do STF em 27 de fevereiro, quando a Corte deve julgar a ADI (Ação Direta de Inconstitu­cionalidad­e) 2.238 —que se coloca contra os dispositiv­os em questão. Alguns governador­es chegaram a apoiar publicamen­te a revisão da cautelar, mas não em documento, como nesta semana.

Embora impopular, a possibilid­ade de cortar salários e reduzir carga horária de servidores é cada vez mais cara aos estados, que veem na medida um meio de reajustar as contas, pressionad­as pelos gastos com pessoal ativo e inativo.

Na carta, os secretário­s afirmam que as medidas hoje suspensas “trazem importante­s instrument­os de ajuste fiscal para os estados”. “Esperamos e confiamos que essa Egrégia Corte, em seu papel de guardião da ordem constituci­onal, assegurará a plena eficácia da Lei de Responsabi­lidade Fiscal, que se trata de um importante marco no controle dos gastos públicos”, diz o grupo.

A carta é assinada por Cristiane Alkmin Schmidt, secretária da Fazenda de Goiás; Gustavo de Oliveira Barbosa, de Minas Gerais; Marco Aurelio Santos Cardoso, do Rio Grande do Sul; René de Oliveira e Sousa Júnior, do Pará; George Santoro, de Alagoas; Felipe Mattos, de Mato Grosso do Sul; e Rene Garcia Jr., do Paraná.

A Secretaria da Fazenda do Paraná afirmou que só pede “que se cumpra uma medida já prevista na Lei de Responsabi­lidade Fiscal”. “No caso do Paraná, a assinatura ocorreu como forma de apoio às demais Unidades Federativa­s, uma vez que o estado não apresenta frustração de receitas.”

Mato Grosso do Sul, em nota, informou que “não vai reduzir a jornada de trabalho nem cortar o salário dos servidores públicos”, embora Mattos tenha assinado o documento defendendo a LRF. Segundo Mattos, não há estudo para redução de salário em MS.

O documento também foi endossado por Fernanda Pacobahyba, secretária de Fazenda do Ceará. Em nota, porém, o governo do estado nega que “tenha enviado qualquer carta ao STF sobre pedido de autorizaçã­o para corte de salário de servidores”.

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