Procuradoria quer pena de 80 anos para Paulo Preto
O Ministério Público Federal pediu à Justiça que Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa (estatal paulista de rodovias) conhecido como Paulo Preto, seja condenado a cerca de 80 anos de prisão na primeira ação da Lava Jato de São Paulo.
Nela, o ex-diretor é réu sob suspeita de peculato (desvio de dinheiro público), inserção de dados falsos em sistema de informação e formação de quadrilha.
A Procuradoria diz que ele desviou verbas públicas em reassentamentos de moradores para a construção do trecho sul do Rodoanel, obra viária que circunda a capital paulista. O valor é de R$ 7,7 milhões e, corrigido, ultrapassa R$ 10 milhões.
Ele teria beneficiado, segundo a denúncia, quatro empregadas suas com unidades da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) e auxílios-mudança, que deveriam ir para os atingidos pela obra.
Os pedidos foram feitos nas alegações finais do processo que corre na 5ª Vara Criminal Federal de São Paulo. A defesa de Paulo Preto agora deve apresentar seus argumentos a respeito do caso e, depois, a juíza Maria Isabel do Prado dará a sua sentença.
O Ministério Público pede que o ex-diretor receba penas “em patamar próximo ou equivalente ao máximo” porque, para os procuradores, ele é o chefe do suposto esquema de desvios de verbas. Solicitou ainda que a pena seja aumentada em um terço porque ele ocupava cargo de direção na empresa.
Além dessa ação, Paulo Preto é réu na Lava Jato paulista sob acusação de ter fraudado licitações e participado de formação de cartel em obras do trecho sul do Rodoanel e do Sistema Viário Metropolitano de São Paulo entre 2004 e 2015.
Suspeito de ser operador do PSDB no estado, ele ainda é investigado de ter movimentado mais de R$ 100 milhões em contas no exterior.
Um inquérito que o STF (Supremo Tribunal Federal) remeteu no fim do ano passado para a primeira instância trata da suspeita de cobranças de propinas para o PSDB na gestão José Serra (2007-2011).
Foi em documento juntado nessa investigação que se tornou público que Paulo Preto movimentou 35 milhões de francos suíços (atualmente, R$ 131 milhões). Serra sempre negou envolvimento.
Procurada, a defesa de Paulo Preto não se manifestou. O ex-diretor sempre negou ter cometido irregularidades.