França chama embaixador após aproximação entre Itália e ‘coletes amarelos’
A França convocou para consultas seu embaixador na Itália depois de uma série de “declarações desmedidas” e de “ataques sem fundamento” e “sem precedentes” de dirigentes italianos, anunciou nesta quinta-feira (7) o Ministério das Relações Exteriores francês.
“Há vários meses, a França tem sido alvo de repetidas acusações, ataques infundados, declarações ultrajantes que todo mundo conhece e pode ter em mente”, disse, em comunicado, a porta-voz do ministério, Agnès von der Mühll.
“Isso é sem precedentes, desde o fim da guerra. A última interferência é uma provocação adicional e inaceitável”, acrescentou a porta-voz de Paris, referindo-se à Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
No conflito, a França lutou ao lado dos Aliados, enquanto a Itália do ditador Benito Mussolini integrava o Eixo, com a Alemanha nazista e o Japão.
A gota d’água para o governo francês foi uma reunião, na terça-feira (5), de Luigi Di Maio, vice-premiê italiano e chefe do Movimento 5 Estrelas (M5E), com membros dos “coletes amarelos”, que protestam há várias semanas contra o presidente Emmanuel Macron.
Já na véspera, a chancelaria classificou o encontro como uma “nova provocação inaceitável”.
Depois da reunião, Di Maio escreveu nas redes sociais: “O vento da mudança cruzou os Alpes. Repito: o vento da mudança cruzou os Alpes”.
“Esta nova provocação é inaceitável entre países vizinhos e sócios dentro da União Europeia”, comentou um portavoz da chancelaria francesa.
O movimento dos “coletes amarelos” protesta desde meados de novembro contra baixos salários e pressão fiscal.
Embora profundamente divididos, continuam se manifestando todos os sábados, há 12 semanas, em várias cidades francesas.