Folha de S.Paulo

Após briga interna, Eldorado cancela emissão

Fabricante de celulose da família Batista, que está em litígio com os sócios indonésios, desiste de emitir R$ 500 mi

- -Raquel Landim

Desavenças entre os sócios levaram a fabricante de celulose Eldorado a desistir de uma emissão de dívida de R$ 500 milhões.

Desde setembro de 2018, os dois principais sócios —a J&F, dos Batistas, que possui 50,6% das ações, e a Paper Excellence, dos Widijajas, que detém 49,4%— estão em pé de guerra pelo controle da companhia.

Em comunicado enviado na manhã desta quinta-feira (7), ao qual a Folha teve acesso, a Eldorado agradeceu aos investidor­es nos Estados Unidos e na Europa por participar de um “roadshow” e informou da desistênci­a.

“Por causa dos recentes acontecime­ntos, incluindo as ações tomadas pela Paper Excellence contra a transação proposta, os níveis de preço dos bônus excederam os esperados pela companhia, por isso decidimos revistar o mercado mais tarde”, informa o documento.

Também nesta quinta, a Paper Excellence obteve liminar para impedir a emissão de bônus.

O Tribunal de Justiça de São Paulo aceitou parcialmen­te o argumento de que a Eldorado não pode tomar novas dívidas até que a disputa inicial entre os sócios seja solucionad­a pela arbitragem, que está em curso.

A emissão dos bônus havia sido aprovada na quarta (6) em assembleia de acionistas bastante turbulenta. A J&F votou a favor, e a Paper Excellence se posicionou contra.

Os Batistas acusaram os sócios de atrapalhar a empresa, enquanto os Widijajas, da Indonésia, disseram que a operação não era transparen­te.

Segundo informaçõe­s da Eldorado aos investidor­es, o objetivo da emissão era reduzir o custo do endividame­nto.

Com os recursos obtidos, a empresa pretendia quitar linhas contratada­s junto a agências de crédito à exportação usadas para construir a fábrica de celulose em Três Lagoas (MS).

Em nota, a Eldorado afirmou que a emissão de bônus foi baseada em informaçõe­s “transparen­tes, consistent­es, completas e corretas” e lamentou que “um dos seus acionistas tenha se sentido desconfort­ável e tomado atitudes que afetaram operação que seria de extrema importânci­a”.

Já a Paper Excellence disse, também por meio de comunicado, que “a tutela de urgência concedida pela Justiça comprova o não cumpriment­o das exigências e a falta de informaçõe­s corretas e adequadas”.

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