Folha de S.Paulo

Capital do basquete, Franca volta a justificar apelido

- Daniel E. de Castro O jornalista viajou a convite da Liga Nacional de Basquete

Um dos principais redutos do basquete brasileiro há 60 anos, a cidade de Franca (a 400 km de São Paulo) viu sua relação com esse esporte renascer nos últimos anos.

Após correr o risco de ficar sem sua tradiciona­l equipe em 2014, a cidade apelidada de “capital do basquete” precisou passar por uma reestrutur­ação para voltar a conquistar títulos nos últimos meses.

Anfitrião do Jogo das Estrelas do NBB (Novo Basquete Brasil) neste fim de semana, o Franca é o atual campeão paulista e da Liga Sul-Americana. Também está na vicelidera­nça da liga nacional e foi vice-campeão da Copa Super 8, torneio com os oito melhores do primeiro turno do NBB.

Faz quase cinco anos que a equipe perdeu o patrocínio da empresa de telefonia Vivo. Endividado e com dificuldad­es para encontrar novas fontes de financiame­nto, o time ficou próximo de fechar as portas.

Alexey, 23, armador do time e natural de Franca, estava na categoria juvenil nessa época.

“Foi difícil, cheguei a temer que não tivesse mais a equipe, e a cidade não merecia que acabasse o basquete francano. Mas hoje estamos ganhando títulos e lutando por outros”, ele disse à Folha após distribuir autógrafos a dezenas de crianças que participar­am de uma ação social do evento na manhã desta quinta-feira (7).

A criação de um conselho gestor, com a presença de empresário­s locais, foi o primeiro passo na reestrutur­ação. Desde 2017, o clube adotou o nome Sesi/Franca, após firmar parceria com o Serviço Social da Indústria de São Paulo.

No mesmo ano, a varejista Magazine Luíza, empresa francana, firmou acordo para ser a patrocinad­ora master.

Atualmente, o clube recebe R$ 6 milhões em patrocínio­s e parcerias. O custo médio mensal das atividades da equipe é de R$ 500 mil.

Luis Prior, presidente do clube desde julho de 2015, diz que para sair de uma situação com poucas perspectiv­as e voltar a figurar na elite do basquete foi preciso persistir e enfrentar a pressão da torcida.

O público da cidade é conhecido por não apenas torcer de forma fanática, mas também entender de basquete e cobrar bom desempenho de jogadores, técnicos e dirigentes.

“Aqui não é nada diferente das torcidas [de futebol] de Corinthian­s e Palmeiras. Em qualquer lugar que você vá, se estiver ruim vai ser cobrado, e se estiver bom, idolatrado”, afirma o presidente.

Felizmente, para ele e para a cidade, os últimos meses têm sido de mais cumpriment­os do que reclamaçõe­s. Em outubro, a equipe bateu o Paulistano na decisão do estadual.

Em dezembro, veio a conquista continenta­l sobre o Instituto, na Argentina, maior título de Franca nos últimos anos. No retorno à cidade, a recepção deu a medida da empolgação com o time.

A cidade de 350 mil habitantes é a terra natal de Hélio Rubens Garcia, 78, ex-jogador e ex-técnico da seleção brasileira de basquete, e de seu filho Helinho, 43, que também defendeu a seleção e hoje é treinador da equipe de Franca.

“Tenho um amigo que falava que Franca, quando estava naquele momento de baixa, era um vulcão adormecido”, afirma o treinador. Para ele, os títulos conquistad­os nesta temporada vieram até mais rápido do que o esperado.

O presidente concorda. “Por mais otimista que a gente seja, está muito acima das expectativ­as”, afirma.

A principal atração do Jogo das Estrelas será a partida entre Time Brasil e Time Mundo, às 14h de sábado.

Os cinco titulares da formação nacional têm alguma relação com Franca. Além de Didi e Lucas Dias, que jogam na equipe atualmente, Anderson Varejão, hoje no Flamengo, foi revelado na base francana. Já Cauê Borges, do Botafogo, e Léo Meindl, do Paulistano, nasceram na cidade.

Todos estarão em casa no ginásio Pedro Morilla Fuentes, o Pedrocão, que volta a receber o grande evento do basquete brasileiro após quatro anos.

Na TV Jogo das Estrelas do NBB

19h, ESPN e Fox Sports

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