Folha de S.Paulo

Automonito­ramento não é efetivo, afirma chefe de força-tarefa

- José Antônio Bicalho

Para a promotora Andressa Oliveira Lanchotti, do Ministério Público de MG, coordenado­ra da força-tarefa que apura a tragédia de Brumadinho (MG), o monitorame­nto de barragens no Brasil não é efetivo. Ela diz acreditar que, por a tragédia se restringir a Minas, a responsabi­lização será mais célere.

Como avalia o monitorame­nto de barragens? Nós sabemos que ele não é efetivo, seja pela deficiênci­a de pessoas nos órgãos de fiscalizaç­ão, seja pela deficiênci­a estrutural desses órgãos, seja pelo sistema de gestão ambiental que permite o automonito­ramento. A fiscalizaç­ão não vem ocorrendo e permite que eventos aconteçam de maneira contínua.

Ninguém foi preso pela tragédia em Mariana. Podemos esperar um resultado diferente? Brumadinho tem outros contornos. O desastre, agora, não envolve dois entes federais. A competênci­a para processar e julgar os crimes deverá ser da Justiça estadual. Também no âmbito civil, acreditamo­s que a competênci­a seja da Justiça estadual.

A responsabi­lização pela tragédia pode recair sobre a tecnologia utilizada, e não sobre as pessoas que decidiram utilizar essa tecnologia? Essa pode ser a defesa da empresa, mas as investigaç­ões estão avançando bastante. Na primeira semana pós-desastre o Ministério Público requereu prisões cautelares e pedidos de busca e apreensão.

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