Folha de S.Paulo

Guaidó não descarta apoiar ação estrangeir­a

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exterior, tentar criar alguma causa comum com parte da esquerda mundial, mas isso não é uma questão de esquerdas ou direitas, é uma questão de humanidade, e nós faremos tudo o que tenhamos que fazer de forma soberana, autônoma, para conseguir o fim da usurpação, o governo de transição e eleições livres”.

Em uma carta aberta divulgada na sexta-feira, Maduro comparou a Venezuela ao Vietnã e ao Iraque antes da ação militar americana nesses países. “Correm os dias que definirão o futuro de nossos países entre a guerra e a paz. Os seus representa­ntes nacionais em Washington querem levar às suas fronteiras o mesmo ódio que semearam no Vietnã”, escreveu o ditador.

Logo após se declarar presidente interino, Guaidó colheu o apoio de países como Estados Unidos, Brasil, Colômbia, Chile, Argentina e Peru. México e Uruguai, a princípio, defendiam uma terceira via, com o estabeleci­mento de um canal de diálogo com Maduro.

O Uruguai, porém, passou a defender a realização de novas eleições. A inflexão em sua posição foi anunciada após reunião em Montevidéu com o grupo de contato criado pela União Europeia para discutir a crise venezuelan­a.

No início da semana passada, 13 países da UE reconhecer­am Guaidó como presidente interino da Venezuela, entre eles França, Alemanha, Reino Unido e Espanha.

Rússia e China ainda apoiam Maduro e vêm se posicionan­do contra qualquer tipo de intervençã­o por Washington ou outros países.

Uma ação de força estrangeir­a “é uma questão obviamente muito polêmica”, admitiu Guaidó na entrevista à AFP, “mas fazendo o uso de nossa soberania, o exercício de nossas competênci­as, faremos o necessário”.

Na sexta-feira, os primeiros pacotes de ajuda humanitári­a enviados pelos EUA começaram a chegar à cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira.

A logística para a entrada, e principalm­ente, a distribuiç­ão dessa ajuda, ainda é uma incógnita para Guaidó e a oposição venezuelan­a. Os militares, parte-chave nesse processo, ainda se mostram leais a Maduro, mesmo com fissuras pontuais em um apoio que já foi mais sólido.

“Quando tivermos os insumos suficiente­s vamos fazer uma primeira tentativa de entrada. Sabemos que há um bloqueio em Tienditas [fronteira com a Colômbia], que as Forças Armadas têm um dilema importante de se aceitam essa ajuda ou não. Seria quase miserável não aceitá-la”, declarou Guaidó.

O líder opositor disse que nesta semana, após a formação de grupos de voluntário­s em toda a Venezuela, deve ser realizada a primeira tentativa de buscar os pacotes.

Maduro classifico­u o envio de ajuda como “um show” e afirmou que os pacotes deveriam ser entregues a colombiano­s pobres “porque não mendigamos para ninguém”.

Apesar de Maduro seguir no comando, Guaidó aparenta otimismo. “Cada dia que estou livre, exercendo minhas funções, é um dia de vitória da democracia, um dia que Maduro continua se isolando. Acredito que ele está perdendo todos os dias.”

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Yuri Cortez/AFP O líder da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, durante entrevista em Caracas

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