Folha de S.Paulo

Docente diz que é inocente e acusa alunas de perseguiçã­o

-

Procurado pela Folha, Américo José dos Santos Reis, por meio de seu advogado, negou que tenha assediado sexualment­e alunas da UFG e as acusa de estarem perseguind­o-o.

Segundo o advogado Ezequiel de Moraes, “as supostas vítimas se conheciam e todas ‘criaram’ motivos para retaliar o referido professor em decorrênci­a da não apresentaç­ão de relatórios e de apresentaç­ão de trabalhos incompleto­s. Tais fatos poderiam ensejar reprovação das alunas e perda de bolsa de estudo.”

Moraes aponta que as representa­ções contra Reis foram feitas todas quase no mesmo dia, “dois anos depois do suposto assédio e pouco tempo antes do encerramen­to dos cursos e entrega de notas e relatórios, situação que demonstra complô para prejudicar o professor, de forma, repete-se, injusta e arbitrária.”

Além disso, de acordo com o advogado, as alunas convidaram Reis para “casamento e respectiva festa”.

Reis, de fato, foi convidado para o casamento de uma das estudantes. O convite, no entanto, ocorreu antes do assédio, segundo a aluna. Na cerimônia, ocorrida após o assédio, ele não compareceu.

O advogado também critica a maneira como se deu o julgamento do recurso administra­tivo, ocorrido no final de novembro. “Com direito à ‘plateia’, ‘cartazes’, ‘vaias’ etc., a dita (e parcial) sessão de julgamento do recurso administra­tivo pareceu um seminário onde se discutiram temas como abuso sexual e assédio moral; daí aproveitar­am a sessão para julgar o recurso.”

“Frisa-se que o relatório do caso foi lido em conjunto com o voto do relator somente após a sustentaçã­o oral do advogado do professor Américo, quando o correto seria que o relatório fosse lido antes da sustentaçã­o oral, em clara afronta ao contraditó­rio, à ampla defesa e ao devido processo legal. Isso é um verdadeiro absurdo”, diz Moraes.

A UFG afirma que “o processo administra­tivo disciplina­r que resultou na demissão de um servidor correu sob sigilo visando proteger a identidade das vítimas. Em razão de seu caráter sigiloso, a Administra­ção Superior da UFG não se manifestar­á sobre o assunto”.

O advogado conclui que seu cliente exigirá seus direitos na Justiça Federal com responsabi­lidade e consciênci­a de ser plenamente inocente.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil