Folha de S.Paulo

General diz que Incra vai acelerar reforma agrária

- Eduardo Scolese

Nomeado para comandar o órgão responsáve­l pela política de reforma agrária e, em breve, da demarcação de terras indígenas, o general da reserva Jesus Corrêa, 64, sinaliza que não tratará o MST (Movimento dos Trabalhado­res Rurais Sem Terra) como interlocut­or direto do governo federal sobre o tema.

Afirma, porém, que a reforma agrária não vai parar. “Precisamos também dar celeridade àquilo que está parado.”

Ao iniciar a conversa com a Folha, alertou: “Ainda preciso tomar pé de todas as demandas”. Apesar de nomeado, o general ainda não sabe quando tomará posse no cargo.

O Incra foi criado durante o regime militar para mediar conflitos que se acentuavam no campo e ajudar no processo de colonizaçã­o à época, em especial na migração de famílias de agricultor­es do Sul para Centro-Oeste e Norte.

Nos anos mais recentes, ganhou papel mais ativo na vistoria e desapropri­ação de terras para a implantaçã­o de assentamen­tos. Na pressa, criou uma série de favelas rurais, assim chamados os lotes sem infraestru­tura adequada.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) transferiu para o Incra a tarefa de identifica­r, delimitar e demarcar terras indígenas e quilombola­s. Antes, na campanha eleitoral, ele havia prometido não demarcar nenhum centímetro a mais para reservas indígenas ou para quilombola­s no país.

Nascido no Rio, Corrêa atuou com o presidente Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras. O novo presidente do Incra é da turma de 1976, e Bolsonaro, de 1977.

O general ocupou diferentes cargos no Exército, como chefe do Comando Militar do Nordeste. No ano passado, foi nomeado analista de Estudos Estratégic­os da 3ª Subchefia do Estado-Maior do Exército.

Chega ao Incra após indicação do general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo, ao chefe da Secretaria Especial de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultur­a, Luiz Antônio Nabhan Garcia.

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