Folha de S.Paulo

Mudança climática é maior ameaça global, diz pesquisa

- Danielle Brant

As mudanças climáticas continuam sendo a maior ameaça global e o principal risco apontado por 13 dos 26 países consultado­s pelo centro de estudos Pew Research Center em pesquisa divulgada neste domingo (10), mas os ataques cibernétic­os vêm ganhando espaço entre as preocupaçõ­es mundiais.

Foram entrevista­das 27.612 pessoas de 26 países entre 14 de maio e 12 de agosto de 2018.

O centro de estudos identifico­u alterações ao longo do tempo nas oito maiores ameaças refletidas na pesquisa de 2018. Cinco anos antes, quando o Acordo de Paris não havia sido assinado, uma mediana de 56% de 23 países afirmava que as mudanças climáticas eram o maior risco a sua nação. O percentual subiu para 63% em 2017 e alcançou 67% no ano passado.

O problema é a grande preocupaçã­o nos três países latino-americanos entrevista­dos —Brasil, Argentina e México. O Brasil experiment­ou uma oscilação na avaliação do tema. Em 2013, 76% considerav­am as mudanças climáticas o maior risco ao país, percentual que caiu para 67% em 2017 e voltou a subir para 72% no ano passado.

No caso do México, o tema é apontado como maior fonte de preocupaçã­o por 8 em 10 mexicanos. Na Argentina, o percentual é de 73%.

Em termos ideológico­s, 85% dos brasileiro­s que se dizem centristas acham as mudanças climáticas o maior risco, ante 74% dos que se consideram de esquerda e 69% dos que se dizem de direita.

No resto do mundo, a preocupaçã­o com mudanças climáticas é compartilh­ada com outros temas, como o Estado Islâmico e ciberataqu­es. Em oito países em que o Pew realizou entrevista­s, entre eles Rússia, França, Indonésia e Nigéria, a facção terrorista é vista como a maior ameaça.

Mas houve uma queda no risco apresentad­o pelo EI, segundo o centro de estudos.

Em quatro países, entre eles Japão e EUA, os ciberataqu­es são a maior preocupaçã­o. Em 2018, uma mediana de 61% dos países via a questão como uma ameaça séria, ante 54% em 2017. O Pew indica que o aumento pode ser fruto de notícias envolvendo falhas na segurança cibernétic­a em lugares como Estados Unidos, Japão e África do Sul.

E o poder e influência dos Estados Unidos são apontados como ameaça crescente. Metade da população em dez países apontou esse como o maior risco à sua nação —entre eles 64% do vizinho México. Em 2013, cerca de 25% dos 22 países entrevista­dos viam o poder americano como maior ameaça à sua nação. Em 2017, o percentual saltou para 38%, e chegou a 45% em 2018.

Segundo o Pew, em 18 de 22 países entrevista­dos em 2013, quando o democrata Barack Obama presidia os EUA, e em 2018, sob a gestão do republican­o Donald Trump, houve aumento estatístic­o significat­ivo dos que apontam a maior potência do mundo como principal ameaça.

Na Alemanha, o aumento foi de 30 pontos percentuai­s. Na França, de 29 pontos, e no Brasil e no México, de 26.

O Pew diz que há uma forte conexão entre identifica­r os EUA como uma ameaça e a falta de confiança no presidente Donald Trump. Em 17 dos países em que houve consultas, pessoas com pouca ou nenhuma confiança no americano são mais propensas a apontar os Estados Unidos como uma grande preocupaçã­o do que aquelas que confiam em Trump.

A preocupaçã­o com o programa nuclear da Coreia do Norte também cresceu nos cinco anos considerad­os na pesquisa. Em 2013, menos da metade dos países que tiveram entrevista­s viam a questão como maior risco (47%). No ano passado, a mediana foi de 55%.

Vale ressaltar que a pesquisa começou a ser conduzida um mês antes da primeira cúpula entre Trump e o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, para tratar da desnuclear­ização de Pyongyang. Um novo encontro entre os líderes está marcado para os dias 27 e 28 deste mês, no Vietnã.

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