Folha de S.Paulo

Volume de novas empresas será medida de força futura no pregão

-

A sequência de altas da Bolsa brasileira ainda não foi capaz de destravar a abertura de capital de algumas companhias, um dos instrument­os de financiame­nto de novos projetos.

Duas empresas chegaram a flertar com IPOs (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês) no fim de 2018, mas a piora no cenário externo reduziu a demanda por papéis de novas companhias.

O ano passado fechou com três operações, ante dez em 2017. Abriram capital em 2018 as operadoras de planos de saúde NotreDame Intermédic­a e Hapvida e o Banco Inter.

Para 2019, o mercado trabalha com 30 operações, uma lista que se repete há alguns meses sem muitas novidades.

Se para chegar aos 100 mil pontos a Bolsa brasileira não deve precisar do investidor estrangeir­o, o mesmo não será possível dizer sobre a abertura de capital de empresas.

“Tem uma seletivida­de muito grande, e o estrangeir­o é muito relevante para o IPO”, diz Evandro Buccini, economista da Rio Bravo Investimen­tos.

Enquanto estrangeir­os têm participaç­ão menor do que 50% na Bolsa, nas aberturas de capital eles costumam comprar 60% dos papéis em oferta.

Fabio Okumura, da gestora Gauss Capital, considera que há empresas saudáveis à espera de investidor­es.

“As que sobreviver­am [à crise] fora da Bolsa passam a ser as melhores opções para os investidor­es”, diz.

Para isso, o cenário externo também precisa dar sinais de melhora. Isso vem acontecend­o, mas ainda não com força suficiente para o fluxo de recursos entrar no Brasil.

Depois de um fim de ano turbulento, o ambiente volta a ser favorável, na avaliação de Felipe Miranda, economista-chefe da Empiricus.

“O Fed [Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos] não vai subir juros, e a economia americana não está em recessão”, afirma.

Quando os juros americanos sobem, investidor­es tendem a migrar para lá recursos que seriam aplicados em países emergentes, mais arriscados, mas com chances de ganhos maiores, como o Brasil.

Por aqui, há ainda a espera

“Tem mais saída do que entrada de estrangeir­os. Isso demonstra que eles estão aguardando o país implementa­r as reformas. Por isso, há grande expectativ­a Felipe Paiva diretor de relacionam­ento com Clientes Brasil da B3

pela reforma da Previdênci­a.

“Olhando o saldo, os volumes mostram que há mais saída do que entrada de estrangeir­os. Isso demonstra que eles estão aguardando o país implementa­r as reformas. Por isso, há grande expectativ­a. Se acontecer, o fluxo inverte”, diz Felipe Paiva, diretor de relacionam­ento com Clientes Brasil da B3, dona da Bolsa.

O “fluxo gringo”, porém, só deve vir depois que a reforma estiver “muito encaminhad­a, lá pelo segundo semestre”, projeta Karel Luketic, analista da XP Investimen­tos.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil