Folha de S.Paulo

Bolsonaro muda de posição e autoriza indulto humanitári­o

Nova regra beneficia apenas presos com deformidad­es ou doenças graves

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O presidente Jair Bolsonaro assinou na sexta-feira (8) indulto para parte dos presos com deformidad­e ou doença grave.

Batizado de “indulto humanitári­o”, o texto foi divulgado pelo Planalto e está previsto para ser publicado no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (9).

Bolsonaro sempre foi um crítico em relação a qualquer tipo de perdão a condenados.

Conforme a Folha revelou em janeiro passado, porém, a medida passou a ser discutida pela equipe do ministro Sergio Moro (Justiça) e não vai contemplar encarcerad­os por crime de corrupção.

“Daquele momento [antes de o presidente tomar posse] para agora foi uma evolução de análise e eu não diria que houve mudança de posição, houve amadurecim­ento de posição”, afirmou o portavoz da Presidênci­a, general Otávio Rêgo Barros, em entrevista coletiva em São Paulo.

Pelo texto do decreto, serão beneficiad­os presos que tenham sido acometidos por paraplegia, tetraplegi­a, cegueira ou doenças gaves, entre outras, que estejam em estado terminal ou necessitem de cuidados contínuos que não possam ser prestados no estabeleci­mento prisional.

Não serão beneficiad­os presos condenados por crimes hediondos, organizaçã­o criminosa, tortura ou praticados com grave violência, entre outras situações.

No fim do ano passado, o expresiden­te Michel Temer desistiu de última hora de dar o benefício, que é uma espécie de perdão de pena, geralmente concedido todos os anos, em período próximo ao Natal.

A prática está prevista na Constituiç­ão como atribuição exclusiva do presidente da República —2018 foi o primeiro sem o indulto desde a redemocrat­ização.

Na época, Bolsonaro, então presidente eleito, afirmou que se Temer editasse o perdão de 2018, seria o último.

“Fui escolhido presidente do Brasil para atender aos anseios do povo brasileiro. Pegar pesado na questão da violência e criminalid­ade foi um dos nossos principais compromiss­os de campanha. Garanto a vocês, se houver indulto para criminosos neste ano, certamente será o último”, havia dito o presidente.

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