Folha de S.Paulo

Polícia Civil terá supergrupo de operações especiais em março

Mudança é uma das mais significat­ivas da instituiçã­o, segundo sociólogo

- Rogério Pagnan Silva Junior/Folhapress

A Polícia Civil de São Paulo deve implantar até março um super departamen­to de operações especiais, com cerca de 300 policiais.

Batizada de Dope (Departamen­to de Operações Especiais e Estratégic­as), a estrutura reunirá homens e mulheres com habilidade especiais, como atiradores de elite, especialis­tas em resgate, negociador­es de sequestro e pilotos de helicópter­o.

Essa é a primeira mudança estrutural da Polícia Civil a ser implementa­da pela gestão João Doria (PSDB), dentro de uma série planejada pelo delegado-geral Ruy Ferraz Fonte. E ela é considerad­a uma das mais profundas reformas da instituiçã­o em duas décadas.

Isso porque a nova estrutura centraliza­rá todas as equipes do GOE (operações especiais) e do Garra (repressão a roubos), além de outros serviços antes pulverizad­os em outras unidades da capital, cada um com comando e modo de atuação distintos.

Esses policiais se juntarão aos policiais do Decade (capturas e delegacias especiais), departamen­to que deixará de existir, e todos ficarão sob a responsabi­lidade do delegado Osvaldo Nico Gonçalves (diretor do Decade).

Com essa mudança, os policiais do Deic (crime organizado) precisarão solicitar reforço ao Dope ao concluírem uma investigaç­ão e caso necessitem de apoio para realizar prisões.

Mesmo tendo sua sede na capital, as equipes também poderão apoiar operações em todo o estado, algo parecido com que o batalhão de choque faz na Polícia Militar.

Entre as mudanças mais significat­ivas está a transferên­cia para o Dope das delegacias antisseque­stro, subordinad­as há anos ao DHPP (departamen­to de homicídios e proteção à pessoa).

Outra alteração será a transferên­cia do grupamento aéreo, que também ficará subordinad­a ao Dope e que será responsáve­l por encaminhar os helicópter­os da instituiçã­o nas operações que requererem o apoio de aeronaves.

O novo departamen­to terá também um centro de comando que não só coordenará cada carro policial do Dope como fiscalizar­á os deslocamen­tos dos automóveis pela cidade, liberados apenas com prévia autorizaçã­o superior.

Embora as autoridade­s não admitam abertament­e, essa medida também tem como objetivo combater casos de corrupção entre os policiais civis no trabalho, como achaques a comerciant­es em situação irregular.

Após o estabeleci­mento das equipes, esses policiais de elite receberão trabalhos de aperfeiçoa­mento, uniformes e equipament­os especiais para que possam funcionar ao estilo das equipes altamente especializ­adas da Swat norteameri­cana, acionadas apenas em ocasiões especiais.

O sociólogo Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, diz que considera a criação do Dope uma das mais significat­ivas mudanças da Polícia Civil de São Paulo desde a criação do DHPP, nos anos 1990.

“Na época [do DHPP, criado para combater o aumento de homicídios], mexeu-se em um departamen­to. Agora essa mudança vai mexer em todos. Que eu me lembre, vai ser a mais profunda reforma em anos”, diz.

Segundo Lima, a notícia dessa alteração também é importante para a Polícia Civil como instituiçã­o. “Ela precisa se modernizar urgentemen­te e melhorar a sua gestão.”

Com a centraliza­ção das equipes especializ­adas, ainda segundo a avaliação do sociólogo, a instituiçã­o também poderá analisar melhor qual é a verdadeira demanda da polícia. “Da forma como é hoje, tudo pulverizad­o, há um baixo nível de conhecimen­to sobre a real necessidad­e da Polícia Civil.”

Lima diz, por fim, que como o departamen­to terá muita força dentro da polícia, as regras precisão ser bem definidas sobre quem, como e quando esses recursos poderão ser acionados. “Toda a polícia precisará ter essa clareza”, afirma ele.

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Policiais do GOE (Grupo de Operações Especiais), que fará parte do novo departamen­to da Polícia Civil

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