São Paulo precisa mudar o estilo, não o técnico
O São Paulo corre o risco sério de eliminação da Libertadores na próxima quarta (13), se não vencer o Tal leres, da Argentina, por pelo menos dois gols de diferença. Também tem seu pior início de temporada desde 1992, quando venceu só duas de suas primeiras sete partidas.
Não é preciso muito esforço de memória para se lembrar que o final daquele ano foi o melhor da história do clube até então, com o título mundial como presente de Natal.
Há duas diferenças entre 1992 e 2019. André Jardine não é Telê Santana, e o Morumbi não oferece a mesma estabilidade daquele tempo.
A equipe campeã mundial era muito melhor do que esta. Mas não havia segurança no time quando ele foi goleado por 4 x 0 pelo Palmeiras, em março, quarta derrota de uma série de cinco consecutivas.
Jardine deve ser o treinador contra o Talleres, por convicção de Raí. Mas já há discursos de que mudar de ideia é um mérito, quando se percebe que a certeza anterior se demonstrou equivocada.
Contra Jardine, pesa a inexperiência, a derrota para o Talleres, o desempenho ruim no Estadual. Sua escolha de usar um time misto na derrota para a Ponte Preta no sábado (9) aumenta a dúvida sobre sua capacidade de fazer a equipe reagir.
Escalar meninos para disputar um torneio de adultos, a Libertadores, ou apostar na experiência e correr o risco de ter uma equipe sem intensidade. Os experientes não ajudaram.
Agora, od ilem aé mudara comissão técnica pela 16ª vez em onze anos, trazer um treinador cobra criada para chacoalhar os velhinhos e apostar que a demissão de Jardine traga o que as últimas quinze trocas de treinador não conseguiram trazer: títulos. Ou continuara transformação de estilo, julgar que Jardine pode fazer um time mais jovem e veloz e reformar aos poucos a equipe pesada que foi presa fácil em Córdoba.
M esmoque saia Jardine, mesmo com outro treinador, a segunda alternativa parece mais certa. O São Paulo não aguenta mais do mesmo. Trocar de treinador acada derrota e ser refém de grandes nomes.
Classificando-se contra o Talleres ou eliminado no Morumbi nesta semana, o espelho são-paulino precisa ser o Grêmio. Em 2013, a direção gremista decidiu mudar o jeito de jogar, apostou em revelações de excelente qualidade co mabola, transformou seu estilo guerreiro pela troca de passes, voltou a vencer títulos nacionais três anos depois. Colhe os frutos até hoje.
Em comum, a revolução gremista foi feita pelo coordenador das divisões de base, Júnior Chávare, com o técnico André Jardine revelando talentos como Luan, Éverton, Arthur, Pedro Rocha e Walace. Os três primeiros da lista ganharam a Libertadores em 2017.
A partir do treino desta segunda-feira (11), o São Paulo precisa ter coragem. Primeiro para montar uma equipe agressiva e capaz de golear o Talleres. Depois para olhar de frente para o eventual fracasso e determinar o que deseja para os próximos anos. Leco era o diretor das divisões de base quando nasceram os Menudos, em 1985.
O futuro são-paulino está muito mais na aposta em Anthony, Luan, Liziero do que na insistência em jogadores como Jucilei, Nenê e Diego Souza. Nomes famosos para dar satisfações à torcida não estão servindo para acabar com a maior seca são-paulina desde a construção do Morumbi.