Folha de S.Paulo

São Paulo precisa mudar o estilo, não o técnico

- Paulo Vinícius Coelho pranchetad­opvc@gmail.com

O São Paulo corre o risco sério de eliminação da Libertador­es na próxima quarta (13), se não vencer o Tal leres, da Argentina, por pelo menos dois gols de diferença. Também tem seu pior início de temporada desde 1992, quando venceu só duas de suas primeiras sete partidas.

Não é preciso muito esforço de memória para se lembrar que o final daquele ano foi o melhor da história do clube até então, com o título mundial como presente de Natal.

Há duas diferenças entre 1992 e 2019. André Jardine não é Telê Santana, e o Morumbi não oferece a mesma estabilida­de daquele tempo.

A equipe campeã mundial era muito melhor do que esta. Mas não havia segurança no time quando ele foi goleado por 4 x 0 pelo Palmeiras, em março, quarta derrota de uma série de cinco consecutiv­as.

Jardine deve ser o treinador contra o Talleres, por convicção de Raí. Mas já há discursos de que mudar de ideia é um mérito, quando se percebe que a certeza anterior se demonstrou equivocada.

Contra Jardine, pesa a inexperiên­cia, a derrota para o Talleres, o desempenho ruim no Estadual. Sua escolha de usar um time misto na derrota para a Ponte Preta no sábado (9) aumenta a dúvida sobre sua capacidade de fazer a equipe reagir.

Escalar meninos para disputar um torneio de adultos, a Libertador­es, ou apostar na experiênci­a e correr o risco de ter uma equipe sem intensidad­e. Os experiente­s não ajudaram.

Agora, od ilem aé mudara comissão técnica pela 16ª vez em onze anos, trazer um treinador cobra criada para chacoalhar os velhinhos e apostar que a demissão de Jardine traga o que as últimas quinze trocas de treinador não conseguira­m trazer: títulos. Ou continuara transforma­ção de estilo, julgar que Jardine pode fazer um time mais jovem e veloz e reformar aos poucos a equipe pesada que foi presa fácil em Córdoba.

M esmoque saia Jardine, mesmo com outro treinador, a segunda alternativ­a parece mais certa. O São Paulo não aguenta mais do mesmo. Trocar de treinador acada derrota e ser refém de grandes nomes.

Classifica­ndo-se contra o Talleres ou eliminado no Morumbi nesta semana, o espelho são-paulino precisa ser o Grêmio. Em 2013, a direção gremista decidiu mudar o jeito de jogar, apostou em revelações de excelente qualidade co mabola, transformo­u seu estilo guerreiro pela troca de passes, voltou a vencer títulos nacionais três anos depois. Colhe os frutos até hoje.

Em comum, a revolução gremista foi feita pelo coordenado­r das divisões de base, Júnior Chávare, com o técnico André Jardine revelando talentos como Luan, Éverton, Arthur, Pedro Rocha e Walace. Os três primeiros da lista ganharam a Libertador­es em 2017.

A partir do treino desta segunda-feira (11), o São Paulo precisa ter coragem. Primeiro para montar uma equipe agressiva e capaz de golear o Talleres. Depois para olhar de frente para o eventual fracasso e determinar o que deseja para os próximos anos. Leco era o diretor das divisões de base quando nasceram os Menudos, em 1985.

O futuro são-paulino está muito mais na aposta em Anthony, Luan, Liziero do que na insistênci­a em jogadores como Jucilei, Nenê e Diego Souza. Nomes famosos para dar satisfaçõe­s à torcida não estão servindo para acabar com a maior seca são-paulina desde a construção do Morumbi.

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