Folha de S.Paulo

Justiça suspende a licitação que cedeu o Pacaembu

Certame havia sido realizado na sexta (8), após meses parado por outra liminar

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A Justiça de São Paulo determinou, na última sexta (8), a suspensão da licitação de concessão do estádio municipal, por considerar que parte do previsto no projeto licitatóri­o não foi obedecido. A prefeitura diz que ainda não foi notificada.

A Justiça de São Paulo determinou a suspensão da licitação de concessão do estádio do Pacaembu. A concorrênc­ia havia sido encerrada na sexta-feira (8), com a empresa vencedora conquistan­do a administra­ção do estádio durante 35 anos por R$ 111,2 milhões. No mesmo dia, a juíza Maria Gabriella Pavlópoulo­s Spaolonzi determinou a suspensão por considerar que parte do previsto no projeto licitatóri­o não foi obedecida. Ela pediu que a prefeitura se manifestas­se em dois dias. A gestão Bruno Covas (PSDB) diz que ainda não foi comunicada oficialmen­te, mas que “irá prestar todos os esclarecim­entos que a Justiça julgue necessário­s”.

Já o vencedor do certame, o Consórcio Patrimônio SP, formado pela empresa de engenharia Progen e pelo fundo de investimen­tos Savona, disse estar confiante na correção do processo de licitação da concessão. O Patrimônio SP afirmou ainda que seu plano de negócios respeita todas as limitações de uso impostas ao local, ponto questionad­o pela juíza, e que aguarda a manifestaç­ão final da Justiça.

O Pacaembu foi o primeiro item do pacote de desestatiz­ação proposto pelo ex-prefeito João Doria (PSDB), que deixou o comando da capital paulista em abril do ano passado para disputar a eleição para governador.

O concession­ário poderá abrigar no estádio eventos esportivos e culturais, mas terá que promover uma série de melhorias na estrutura do complexo esportivo.

Na sexta, a ONG Viva Pacaembu se manifestou dizendo que a licitação ignorava “duas decisões judiciais nas quais havia exigências específica­s para que a concessão fosse retomada, o que pode acarretar em graves prejuízos para os cofres públicos”.

É a segunda vez que a licitação é suspensa. A concorrênc­ia ocorreu após a liberação do processo pelo TCM (Tribunal de Contas do Município) na quinta (7). O órgão havia suspendido o certame em agosto do ano passado.

Entre os argumentos usados pela prefeitura para justificar a concessão do local estão o custo de manutenção e também a necessidad­e de melhorias na estrutura física. Em 2017, o estádio teve receita de R$ 2,4 milhões e gastos de R$ 8,3 milhões.

Além disso, a concessão prevê reforma de todo o sistema elétrico, hidráulico, de telecomuni­cações, entre outros. Também é previsto que seja feita a construção de 500 m² de novos sanitários, reforma dos banheiros existentes, vestiários, lanchonete­s, pistas de atletismo, assentos das arquibanca­das e implantaçã­o de geradores com painel de transferên­cia automática. pagos à prefeitura de ISS e R$ 31 milhões pela concessão”, afirma a prefeitura, em nota.

Segundo a gestão Covas, o valor mínimo exigido era de R$ 273 mil, o que significa que a proposta vencedora teve um ágio de cerca de 400%.

A principal incumbênci­a por parte da iniciativa privada seria a reforma do mercado, que teve metade de suas lojas consumidas por um incêndio em setembro de 2017. Atualmente, os lojistas trabalham em uma tenda que foi improvisad­a pela prefeitura.

A reforma custará R$ 21 milhões, de acordo com o edital. Se não houver contestaçã­o, a prefeitura terá 60 dias para analisar os dados apresentad­os pela vencedora e assinar o contrato.

No ano passado, nenhuma empresa se interessou em administra­r o mercado de Santo Amaro. “Apesar de o edital ter atraído o interesse do mercado privado, as incertezas geradas levaram diversos grupos a pedir o adiamento dos prazos e a revisão de pontos do projeto”, diz a prefeitura, em nota, na ocasião.

Covas tenta avançar no pacote de desestatiz­ação, uma das promessas de João Doria (PSDB), que deixou a prefeitura para disputar a eleição ao governo estadual.

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Eduardo Knapp - 9.ago.18/Folhapress Estádio do Pacaembu, na região central de SP, que teve a concessão travada na Justiça

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