Folha de S.Paulo

Procurador­ia quer R$ 2 mi em danos para trabalhado­r da Vale

Proposta é levada pelo Ministério Público à empresa e discutida com sindicatos

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O MPT (Ministério Público do Trabalho) em Minas Gerais discute com sindicatos valores de indenizaçã­o para as famílias de trabalhado­res mortos ou desapareci­dos pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG).

A Procurador­ia apresentou à companhia proposta para assegurar o pagamento de, no mínimo, R$ 2 milhões em indenizaçã­o por dano individual ao grupo familiar dos trabalhado­res mortos ou desapareci­dos na tragédia.

O desastre liberou uma onda de lama que atingiu a área administra­tiva e o refeitório da companhia, onde estavam centenas de trabalhado­res.

Até esta segunda, foram confirmado­s 165 mortos e pelo menos 160 ainda estão desapareci­dos. O rompimento foi no dia 25 de janeiro.

A proposta da Procurador­ia tem como condição ainda oitiva prévia e concordânc­ia expressa dos beneficiár­ios. “A indenizaçã­o envolveria familiares de funcionári­os próprios e terceiriza­dos que prestavam serviço para empresa”, disse o órgão em comunicado.

Procurador­es do Trabalho se reuniram na tarde de sexta-feira (8) com representa­ntes da companhia, em Belo Horizonte.

Além da indenizaçã­o, os procurador­es propuseram à empresa manutenção de contratos firmados com terceiriza­das pelo prazo mínimo de três anos e emissão imediata de comunicaçõ­es de acidente de trabalho para todos os trabalhado­res.

Na mesma reunião, a Vale fez uma proposta diferente, consideran­do o pagamento de danos materiais correspond­entes a dois terços de um salário mensal líquido até a data em que o trabalhado­r completari­a 75 anos.

Em relação aos danos morais, a empresa se propôs pagar R$ 300 mil ao cônjuge ou companheir­o, R$ 300 mil para cada filho ou filha, R$ 150 mil para cada pai e mãe; R$ 75 mil para cada irmão ou irmã. Essas indenizaçõ­es abrangeria­m funcionári­os próprios e terceiriza­dos.

Durante a reunião, a empresa ofereceu emprego com o pagamento do salário e demais vantagens previstas no contrato de trabalho para os empregados de Brumadinho até 31 de dezembro deste ano.

Segundo o MPT, a Vale não apresentou propostas em relação à estabilida­de no emprego e à emissão das comunicaçõ­es de acidente de trabalho dos terceiriza­dos.

Na quinta-feira (14), haverá uma assembleia em Brumadinho com a participaç­ão dos procurador­es, entidades de classe, trabalhado­res e familiares dos atingidos pelo desastre.

A Vale já anunciou que buscará firmar acordos extrajudic­iais com as famílias das vítimas da tragédia. A intenção é evitar processos longos na Justiça.

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