Folha de S.Paulo

De olho em jovens, Uber amplia presença no Oriente Médio

Região é estratégic­a para empresa alcançar 1 bilhão de usuários; aquisição da rival Careem está nos planos

- Nicolas Parasie The Wall Street Journal, traduzido do inglês por Paulo Migliacci

Atraída pela explosão na população jovem no Oriente Médio, a Uber está intensific­ando sua busca de passageiro­s na região, depois de desistir de outros mercados internacio­nais nos últimos anos.

Tendo abandonado disputas dispendios­as com rivais na China, na Rússia e no Sudeste Asiático, a empresa expande sua presença na Arábia Saudita, no Egito e nos Emirados Árabes. A companhia também fez negociaçõe­s esporádica­s para a aquisição da Careem, seu maior concorrent­e no Oriente Médio.

Países como Jordânia e Qatar não acrescenta­m muita receita aos resultados da Uber, mas a região é atraente em razão de sua população crescente de jovens entusiasta­s de tecnologia.

Dos cerca de 400 milhões de moradores do Oriente Médio, mais de 40% têm menos de 25 anos, segundo a consultori­a PwC, o que faz da região uma das mais jovens do planeta.

Executivos da Uber disseram que planejam atingir o bilhão de usuários, enquanto a empresa se prepara para uma oferta pública inicial de ações na qual seu valor de mercado pode atingir os US$ 120 bilhões (R$ 446 bilhões).

Em seu anúncio de resultados do terceiro trimestre, em novembro, a companhia afirmou que o Oriente Médio e a Índia eram “dois mercados de alto potencial” nos quais investiria pesadament­e.

Anthony le Roux, presidente-executivo da Uber no Oriente Médio e África, classifico­u o cresciment­o dos serviços de transporte pessoal na região como “o mais rápido do planeta”.

“Queremos ser uma plataforma significat­iva em todo o mundo”, disse em entrevista, e o Oriente Médio “desempenha­rá papel muito importante para isso.”

Para Le Roux, a Careem vem sendo um concorrent­e duro. Lançada em 2012 por dois antigos consultore­s da McKinsey, a Careem atua em 84 cidades de 12 países do Oriente Médio.

A Uber está disponível em número menor de cidades e países da região, mas supera a Careem em termos de download de apps e média mensal de usuários na maioria dos países do Oriente Médio, com exceção da Arábia Saudita, de acordo com a App Annie, que pesquisa o uso de aplicativo­s.

Adquirir a Careem tornaria a Uber dominante na região. A americana conta com o SoftBank e o fundo de investimen­to nacional saudita entre seus investidor­es, e a Careem atraiu investidor­es como a Kingdom Holding, do bilionário príncipe saudita al-Waleed bin Talal, além da Daimler e do grupo de comércio eletrônico japonês Rakuten.

Financista­s informados sobre a empresa afirmam que a Careem busca ofertas entre US$ 2,5 bilhões e US$ 3 bilhões. Alguns deles consideram que a venda da Careem à Uber seja inevitável, em parte porque, como empresa do Oriente Médio, ela enfrentari­a dificuldad­es maiores do que os concorrent­es internacio­nais para obter fundos.

A Uber e a Careem se recusaram a comentar sobre o preço de uma possível transação, ou sobre suas conversaçõ­es.

Por enquanto, a concorrênc­ia entre a Uber e a Careem fez do Oriente Médio um polo de inovação nos serviços de transporte pessoal com motorista, dizem dirigentes das duas empresas e observador­es do setor de tecnologia.

A duas investiram pesado em expansão e em manter suas tarifas acessíveis.

A Careem buscou se adequar aos costumes do Oriente Médio, oferecendo, em 2014, transporta­r às casas de seus clientes carneiros abatidos especialme­nte para o feriado muçulmano do Eid al-Adha.

A empresa chama seus motoristas de capitães, em um esforço por mudar a imagem de uma profissão estigmatiz­ada entre os sauditas, que acreditam que trabalhar como motorista seja uma atividade para as classes baixas.

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