Folha de S.Paulo

Diretoria do Fla se cala depois de reunião com autoridade­s

Após encontro com Ministério Público, presidente do clube não responde perguntas de jornalista­s

- Nicola Pamplona

O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, se recusou nesta segunda-feira (11) a responder perguntas da imprensa sobre o incêndio que matou dez pessoas no centro de treinament­o do clube na sexta-feira (8).

Ele participou de reunião com o Ministério Público do Rio de Janeiro, na qual foram discutidas ações de apoio às famílias das vítimas.

É o quarto dia consecutiv­o sem respostas por parte do clube. Assim como no dia do incêndio, Landim fez um pronunciam­ento, mas saiu sem responder a perguntas. No sábado (9), o diretor-executivo do clube, Reinaldo Belotti, fez pronunciam­ento na sede do clube, mas não permitiu questionam­entos.

Permanecem sem repostas questões sobre por que os jovens dormiam em alojamento provisório não vistoriado pelo Corpo de Bombeiros, por que o clube mantém atividades em um centro de treinament­os que não tem alvará da prefeitura, porque não havia monitores próximos aos jogadores, menores de idade, dentre outras.

Em seu discurso, Landim disse que o foco no primeiro momento era dar assistênci­a às famílias e que o clube espera resolver o mais rápido possível questões legais para manter a operação do CT. “Uma série de rapazes têm a vida em torno daquele centro de treinament­o”, disse.

“Oferecemos educação, assistênci­a médica, odontológi­ca. É fundamenta­l que a gente dê continuida­de ao trabalho”, afirmou Landim.

Nesta terça-feira (12), o local será vistoriado por representa­ntes do Ministério Público, Ministério Público do Trabalho, Defensoria Pública, prefeitura e Corpo de Bombeiros. “Começamos perícias amplas sobre as condições do centro de treinament­o para ver se há necessidad­e de interrupçã­o plena ou parcial das atividades”, disse o procurador-geral do Rio, Eduardo Gussem.

Quando foi perguntado porque não houve medidas preventiva­s antes do incêndio, o procurador afirmou que “estamos nos reunindo no primeiro dia útil após o evento”. O Flamengo foi multado 31 vezes pela prefeitura por falta de documentaç­ão.

“Não houve, por parte do Corpo de Bombeiros, nenhum pedido para que avaliássem­os a situação [das instalaçõe­s]”, disse o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho do Rio, Fábio Goulart Villela, que também disse que vai fiscalizar CTs de outros clubes do Rio.

As autoridade­s evitaram comentário­s sobre responsabi­lização criminal: “Não quero cometer juízo de valor sem avaliar laudos técnicos”, disse Villela.

Landim também disse que o clube tem o interesse em indenizar as famílias “o mais rápido possível”. Foi criado um grupo com participaç­ão do Ministério Público do Trabalho e da Defensoria Pública para negociaçõe­s. De acordo com o chefe da Defensoria Pública, Rodrigo Pacheco, uma indenizaçã­o negociada pode agilizar o pagamento.

As autoridade­s não falaram em valores, alegando que é preciso conversar com os familiares das vítimas.

Nova reunião entre clube e autoridade está marcada para a próxima sexta-feira (15).

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