Gordon Banks, autor da maior defesa das Copas, morre aos 81
Responsável por parar cabeçada de Pelé em 70, goleiro inglês morre aos 81 anos
O inglês Gordon Banks, morto nesta terça (12) aos 81 anos, é um dos poucos goleiros que são muito mais lembrados por uma defesa feita do que por um gol tomado.
A causa da morte de Banks, que desde dezembro de 2015 lutava contra um câncer renal, não foi divulgada.
Eleito pela IFFHS (Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol) como o segundo melhor goleiro do século 20, só atrás do soviético Lev Yashin, ele operou o seu maior milagre no dia 7 de junho de 1970, no estádio Jalisco, em Guadalajara (México), na partida entre Inglaterra e Brasil, pela Copa do Mundo.
Nascido em 20 de dezembro de 1937 na cidade de Sheffield, o garoto Banks quase desistiu da carreira quando não teve muitas oportunidades nas duas equipes locais, os tradicionais Sheffield United e Sheffield Wednesday. Na mesma época, abandonou a escola e passou a fazer bicos como ensacador de carvão e pedreiro.
A oportunidade para que voltasse a jogar aconteceu casualmente. Em 1952, ele foi assistir a um jogo do amador Millspaugh FC. Como o goleiro da equipe não compareceu, Banks foi chamado para atuar.
As boas atuações no Millspaugh fizeram com que ele recebesse um convite para atuar no Rawmarsh, que disputava campeonatos mais importantes. Mas levou 15 gols em dois jogos e acabou dispensado, retornando ao Millspaugh. Em 1953, assinou contrato com o Chesterfield, onde receberia três libras semanais.
Cinco anos depois, Banks fez sua estreia como profissional no Chesterfield e, em 1959, foi contratado pelo Leicester, da primeira divisão inglesa. Em pouco tempo, ele se destacou, o que o levou a ser convocado para seleção inglesa em 1963. Com a seleção, Banks fez 73 partidas e sofreu 57 gols —média de 0,78 por jogo.
Os poucos gols que Banks sofria fizeram com que a Inglaterra conquistasse sua única Copa do Mundo, em 1966, jogando em casa. Naquela
competição, ele ficou 442 minutos sem ter a meta vazada.
Depois de permanecer invicto nas quatro primeiras partidas, contra Uruguai, México, França e Argentina, ele só seria vazado por um gol de pênalti marcado pelo português Eusébio, aos 37min do segundo tempo, na partida que os ingleses venceram por 2 a 1.
O título viria contra a Alemanha, depois que o goleiro tomou o gol de empate dos germânicos no último minuto do tempo regulamentar, que terminou 2 a 2. Na prorrogação, com ajuda da arbitragem, os britânicos venceram por 4 a 2.
Um ano depois da conquista da Copa do Mundo, ele deixou Leicester, onde ganhou a Copa da Liga Inglesa (1964), e se transferiu para o Stoke City, com quem ganharia o mesmo campeonato em 1972.
Na Copa do Mundo de 1970, a mesma em que fez a defesa que marcou sua carreira, Banks não esteve presente na partida em que os ingleses perderam para a Alemanha, por 3 a 2, de virada, e foram eliminados do torneio. Teve
problemas estomacais e não conseguiu entrar em campo.
Contusões foram comuns em sua trajetória. Ele sofreu cinco fraturas e inúmeros deslocamentos nos dedos. Em 1972, no mesmo ano em que foi eleito o melhor jogador da Inglaterra, um grave problema acabou com sua carreira.
Banks sofreu um acidente automobilístico, e estilhaços do para-brisas provocaram um corte profundo no seu olho direito. Mesmo depois de operações, ele não recuperou totalmente a visão e largou o futebol em 1973.
Depois de anunciar sua aposentadoria, ainda chegou a jogar pelo Fort Lauderdale (EUA) e tentou ser treinador e dirigente, sem sucesso.
Como a maioria dos jogadores que atuaram nas décadas de 1960 e 1970, Gordon Banks não se tornou um milionário.
Em 2001, ele vendeu sua medalha de campeão mundial em um leilão por 124.750 libras. Agora, a lembrança de ter feito a defesa mais conhecida da história talvez seja o maior bem —e herança— de Banks.