Folha de S.Paulo

Aluno de SP sai do ensino médio com nota esperada para o fundamenta­l

- Angela Pinho

Os alunos da rede estadual de São Paulo saem da escola, em média, com a nota esperada para estudantes três anos mais novos.

Ao se formarem no ensino médio, têm desempenho em português que seria adequado para o 9º ano do nível fundamenta­l. Em matemática, a defasagem começa ainda mais cedo: no 9º ano, eles têm a média que seria correspond­ente à do 6º.

As conclusões foram obtidas a partir do Saresp, exame que avalia os estudantes em português e matemática.

De 2017 a 2018, os alunos da rede estadual tiveram leve melhora em português, mas, em matemática, piora no 9º ano e estagnação no ensino médio.

O secretário da Educação,

Rossieli Soares, que assumiu o cargo em janeiro, afirmou que os resultados indicam um “cresciment­o lento” dos índices de aprendizag­em. O mandato de João Doria é o sétimo seguido do PSDB no estado.

“São Paulo vem melhorando mais lentamente que vários estados. Com maior renda per capita, precisa liderar os índices de aprendizag­em”, disse o secretário-executivo Haroldo Corrêa da Rocha.

Os dados do Saresp mostram que as deficiênci­as, especialme­nte em matemática, começam cedo e se acumulam ao longo da trajetória escolar.

Aos nove anos de idade, no 3º ano do fundamenta­l, uma em cada quatro crianças não sabe representa­r corretamen­te os números.

Ao chegar ao 5º ano, 46% já estão abaixo do adequado.

No 9º ano, essa proporção aumenta para 83%, e 65% não sabem resolver um problema com porcentage­m. Em média, têm o conhecimen­to esperado para um estudante três anos mais novo, do 6º ano.

Na conclusão da vida escolar, no 3º ano do ensino médio, quase todos os alunos da rede estadual paulista (94%) estão abaixo do nível adequado na disciplina.

Em língua portuguesa, a situação é menos grave, mas não chega a ser boa. No 9º ano, 45% não entendem a finalidade de um texto e, ao sair da escola, 65% têm desempenho abaixo do adequado.

Segundo o secretário, os resultados serão enviados para cada escola e, até março, será anunciado um planejamen­to para melhorar os indicadore­s.

Como já havia adiantado, ele

afirmou que o bônus pago aos professore­s deverá ser repensado, mas disse ainda não ter detalhes. A ideia é que a remuneraçã­o inclua outros critérios além da nota dos alunos.

Ele indicou que pretende tentar reduzir as faltas dos profission­ais. “Não existe bala de prata. Mas temos que garantir o feijão com arroz, que são 200 dias letivos e cinco horas diárias de aulas”, afirmou.

Rossieli assumiu o cargo em meio a uma crise no fornecimen­to de materiais escolares, que deverão chegar às escolas até março, após contratos emergencia­is.

Havia ainda a possibilid­ade de até 60 mil alunos ficarem sem aulas devido a uma decisão judicial, posteriorm­ente revertida, que barrava a convocação de professore­s temporário­s.

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