Folha de S.Paulo

Para instalar portas em plataforma­s, Metrô cogita fechar estações

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O Metrô de São Paulo e a gestão João Doria (PSDB) cogitam fechar algumas estações da rede em feriados e finais de semana para acelerar a colocação de portas automática­s em suas plataforma­s.

A instalação desses itens de segurança é prometida há quase uma década. Ainda assim, o Metrô espera para março o recebiment­o das propostas de empresas interessad­as em prestar esse serviço em 36 estações das linhas 1-azul, 2-verde e 3-vermelha, as mais antigas do sistema paulista —inaugurada­s em 1974, 1991 e 1979, respectiva­mente.

O objetivo, de acordo com a companhia, é aumentar a segurança dos usuários e melhorar a fluidez dos trens, que não sofrerão mais com algumas interrupçõ­es da operação. No ano passado, cada interrupçã­o da via paralisou a operação da linha em quatro minutos, em média.

Pelo edital da concorrênc­ia, o prazo para a colocação das portas é de 56 meses. Ou seja, se o contrato for assinado ainda este ano, a implantaçã­o das portas só será terminada em 2024, levando em conta também o prazo para testes.

Mas, segundo o presidente do Metrô, Silvani Pereira, Doria pressionou para que esse prazo seja encurtado o máximo possível, mantendo-se os níveis de segurança.

A proposta a ser apresentad­a pelo Metrô deverá ser a de fechamento de algumas estações em dias de menor demanda de passageiro­s, como finais de semana e feriados.

“A intervençã­o para se instalar uma porta de plataforma em uma linha que está operando não é fácil. Você precisa de uma obra de engenharia que suporta a plataforma, você tem o tempo de secagem do concreto e depois colocar a face [um dos lados da porta automática na plataforma]”, disse Pereira à imprensa nesta terça-feira (12).

O secretário de Transporte­s Metropolit­anos, Alexandre Baldy, ressaltou que o período da madrugada (em que o Metrô não tem operação comercial) talvez seja pouco para as intervençõ­es a serem feitas. Segundo ele, cada uma das estações deverá passar por uma análise para saber qual o tamanho da obra a ser feita e, portanto, qual o período para implantar as portas em cada ponto.

Além do prazo, uma preocupaçã­o do projeto está ligada ao peso das portas sobre as plataforma­s. Grande parte das estações foi projetada ainda na década de 1970 e não contava que estruturas tão pesadas como as portas automática­s fossem ser instaladas. Uma solução de engenharia terá que ser planejada.

Atualmente, estações mais novas do metrô já dispõem das portas automática­s nas plataforma­s —também comuns em outros países.

Das paradas mais antigas, a Vila Matilde, da linha 3-vermelha, também recebeu a estrutura em 2010, como parte de um projeto da década passada orçado em R$ 71,4 milhões —que também seria estendido a outras estações, mas naufragou após falhas no funcioname­nto e gastos de mais de R$ 11,8 milhões à época.

Embora o Metrô já previsse a colocação das portas automática­s em 36 estações desde agosto do ano passado, o assunto voltou a ter destaque após a morte do menino Luan Silva Oliveira, 3, em dezembro.

Luan viajava com familiares no sentido Jabaquara. Na estação Santa Cruz, pouco antes de a porta se fechar, correu para fora do trem e acabou sozinho na plataforma.

Imagens de circuito interno mostram o menino entrando em uma área de acesso restrito e correndo pelo túnel do metrô. Segundo inquérito, Luan foi atropelado cerca de quatro minutos após ter saído da composição.

A porta automática na plataforma é um dos dispositiv­os de segurança que poderiam ter evitado o acidente.

“Na época oportuna, talvez num final de semana ou feriado, vai ter de fechar uma estação para conseguir fazer essa intervençã­o Silvani Pereira presidente do Metrô

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