Folha de S.Paulo

Piauí planeja retomar obra de 40 anos para construir 1º porto

- Taís Hirata

O governo do Piauí planeja retomar um projeto que se arrasta há quase 40 anos: a construção do porto de Luís Correia, que promete ser o primeiro do estado.

As obras começaram nos anos 1980, e o estado já deixou cerca de R$ 500 milhões no empreendim­ento, nunca finalizado.

A mais recente tentativa de concluir o porto ocorreu em 2008, mas, após suspeitas de irregulari­dades, o projeto foi abandonado.

Hoje, parte da estrutura persiste no local, a cerca de 350 quilômetro­s da capital, Teresina. A previsão é que outros R$ 258,3 milhões sejam necessário­s para terminar a obra.

O Piauí é o único estado litorâneo do Brasil que não possui um porto.

O governo do estado acaba de concluir estudos que comprovam que o empreendim­ento é viável, do ponto de vista técnico e de demanda, segundo Viviane Bezerra, superinten­dente de parcerias e concessões do estado.

Agora, diz ela, falta atrair empresas interessad­as em usar o novo porto —que fica entre os terminais de Itaqui (MA) e de Pecém (CE).

A prioridade é atrair empresas para o transporte de gado vivo, segundo os estudos de viabilidad­e do projeto, que identifica­m um cinturão de estados produtores que teriam fácil acesso ao porto: Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais.

Há também a expectativ­a de atrair transporte de cargas de grãos, frutas e equipament­os de energia elétrica, entre outros, diz Bezerra.

“Existe um problema de escoamento dos produtores de soja do sul do estado para o porto de Itaqui, porque eles têm de passar por balsa para chegar ao Maranhão. Há uma queda na produtivid­ade em razão disso.”

A soja foi o principal produto exportado pelo Piauí em 2017. O grão respondeu por 78,24% do vendido ao exterior pelos produtores do estado.

Ao todo —contando carga viva e regular—, há um potencial para movimentar 1,95 milhão de toneladas por ano no porto, em um cenário de operação plena dos terminais, apontam os estudos.

A superinten­dente considera um facilitado­r do projeto a ZPE (zona de processame­nto de exportação) do estado, localizada a 15 quilômetro­s do porto.

A ideia é que empresas alojadas no distrito industrial, que têm isenções de impos- tos e vantagens administra­tivas, usem os terminais.

As estradas de acesso ao porto não deverão ser um gargalo ao desenvolvi­mento, afirma Bezerra. “A malha é nova. O problema não é infraestru­tura viária.”

A estimativa dos estudos é que o projeto tenha uma taxa de retorno de cerca de 9,5%.

Além do investimen­to de R$ 258 milhões necessário, calcula-se um gasto anual de R$ 7,66 milhões com mão de obra e manutenção.

Para contornar o principal desafio —encontrar interessad­os nos terminais—, o governo planeja um roadshow nos próximos dois meses, dentro e fora do país, para apresentá-los.

Caso a turnê seja bem-sucedida, a concessão do porto deverá ser levada à licitação.

A ideia é que o vencedor termine a obra e se torne operador do empreendim­ento, podendo arrendar terminais a essas empresas interessad­as.

Bezerra já espera que essa licitação esteja estruturad­a e possa ser posta em consulta pública até junho.

O projeto faz parte de um movimento dos estados de, diante da crise fiscal, buscar parceiros privados para viabilizar seus projetos, afirma Venilton Tadini, presidente-executivo da Abdib (Associação Brasileira da Infraestru­tura e Indústrias de Base).

“No caso do Piauí, em que o governo [do petista Wellington Dias] foi reeleito, há um programa sendo estruturad­o há tempos”, afirma.

O estado tem um pacote de desestatiz­ações com 32 projetos, dos quais 10 já estão encaminhad­os.

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