Folha de S.Paulo

Definição sobre idade mínima na reforma será de Bolsonaro

Pontos polêmicos de projeto para Previdênci­a serão ajustados pelo presidente

- Pedro Ladeira/Folhapress

Elaborada pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, a proposta de reforma da Previdênci­a prevê que pontos mais sensíveis, como a idade mínima para aposentado­rias, sejam ajustados de acordo com o desejo do presidente Jair Bolsonaro.

Uma das possibilid­ades estabelece que homens e mulheres tenham de completar 65 anos para se aposentar. Esse patamar, no entanto, subiria gradualmen­te para não prejudicar quem já está perto de cumprir os requisitos hoje em vigor.

Apesar de ser o preferido da equipe econômica, esse cenário sofre resistênci­a na ala política

do governo e, especialme­nte, de Bolsonaro.

Segundo assessores do presidente, ele não aceitaria uma proposta que iguale a idade entre homens e mulheres.

A ala política do governo teme que uma exigência de 65 anos para ambos os sexos, como quer Guedes, pode gerar mais críticas a Bolsonaro por parte das mulheres, que foram mais resistente­s a votar nele.

Técnicos da Economia, então, fizeram cálculos para uma reforma da Previdênci­a com patamares etários mais baixos.

As simulações com idades diferentes incluem uma proposta já defendida por Bolsonaro

em entrevista a um canal de televisão: 62 anos para homens e 57 anos para mulheres. Mas Guedes é contrário a um patamar menor que 60 anos para as trabalhado­ras.

Outro cálculo feito leva em consideraç­ão idade mínima de 65 anos para homens e de 62 anos para mulheres, seguindo a versão final da reforma enviada por Michel Temer.

Hoje, há duas formas de se aposentar. A primeira é por tempo de contribuiç­ão, que exige 35 anos de pagamentos ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para homens e 30 anos para mulheres.

A segunda é a aposentado­ria

por idade, que atende os mais pobres. Os requisitos são: idade de 65 anos (homens) e 60 anos (mulheres) e 15 anos de contribuiç­ões.

A depender da escolha de Bolsonaro, a transição também será ajustada. Esse é o período para que a idade mínima, que subiria gradualmen­te, atingisse o último degrau. Quanto menor a faixa etária, menor será a transição.

Isso porque Guedes tem como meta propor uma reforma que represente uma economia próxima de R$ 1 trilhão nos próximos dez anos.

A transição também é parte de divergênci­as dentro do go-

verno. A equipe política defende uma mudança “mais lenta”. A transição deve ser um sistema de pontos, somando a idade com o tempo de contribuiç­ão previdenci­ária.

A avaliação da equipe econômica é que, quanto mais baixa a idade mínima de aposentado­ria, mais curta terá de ser a transição. Se a idade sugerida por Bolsonaro, de 62 (homens) e 57 (mulheres) prosperar, por exemplo, será necessário atingi-la até o fim de seu mandato, ou seja, até 2022.

Nesse caso, a transição seria concluída em quatro anos, bem mais rápido que os 20 anos sugeridos com a idadealvo de 65 anos. Com isso, o ajuste é mais rápido, embora o resultado fique abaixo da cifra de R$ 1 trilhão.

Como a ideia é igualar o regime de aposentado­ria dos servidores públicos ao dos trabalhado­res da iniciativa privada, a idade mínima a ser escolhida afetaria ainda as aposentado­rias de funcionári­os públicos. Alguns, como professore­s, têm regras especiais para obtenção do benefício.

Assim que tiver alta, Bolsonaro receberá da equipe econômica a versão da reforma com os pontos ajustáveis, informou nesta terça-feira (12) o secretário especial de Previdênci­a, Rogério Marinho.

Segundo ele, o texto que será apresentad­o para avaliação final do presidente é “bem diferente, bastante diferente” da versão vazada à imprensa na semana passada.

Uma das mudanças é que a equipe de Guedes passou a trabalhar em uma redução das cobranças previdenci­árias para os trabalhado­res de baixa renda, que poderiam pagar 7,5% de alíquota previdenci­ária, em vez de 8%.

O percentual para quem ganha salários mais altos poderia também ser majorado, ultrapassa­ndo o patamar atual de 11%. Thiago Resende, Bernardo Caram, Mariana Carneiro e Talita Fernandes

Leia mais nas págs. A22 e A24

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TOFFOLI E ONYX DISCUTEM PREVIDÊNCI­A EM ALMOÇO FORA DA AGENDA Evento foi marcado para que fosse apresentad­o ao presidente do STF (à esq.) os principais pontos do texto da reforma, que deve ser finalizado até o fim desta semana para ser encaminhad­o ao Legislativ­o

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