Folha de S.Paulo

Apple quer lançar ‘Netflix de notícias’, mas taxa de 50% enfrenta resistênci­as

- The Wall Street Journal, traduzido do inglês por Paulo Migliacci

O plano da Apple de criar um serviço de notícias por assinatura está enfrentand­o forte resistênci­a da parte dos provedores de conteúdo, em razão dos termos financeiro­s propostos pela gigante da tecnologia, disseram pessoas informadas sobre a situação.

Em sua proposta a algumas organizaçõ­es noticiosas, a companhia de tecnologia anunciou que reteria cerca de metade da receita de assinatura­s do serviço.

Descrito por executivos do setor como uma “Netflix de notícias”, o serviço permitiria que usuários lessem conteúdo ilimitado dos provedores de conteúdo participan­tes, por uma taxa mensal, e deve ser lançado neste ano como parte de uma nova área paga no app Apple News.

O restante da receita formaria um pool a ser dividido entre os provedores de conteúdo. Representa­ntes da Apple informaram aos provedores que o preço da mensalidad­e seria de US$ 10 (R$ 38), semelhante ao do serviço de streaming Apple Music.

A Apple não se pronunciou. Outra preocupaçã­o para provedores de conteúdo é que eles provavelme­nte não terão acesso a dados sobre os assinantes, como de cartões de crédito e endereços de email.

Essas informaçõe­s são cruciais para organizaçõ­es noticiosas que desejam construir bancos de dados próprios sobre os consumidor­es e comerciali­zar seus produtos para os leitores.

O novo serviço é parte do esforço da Apple para encontrar cresciment­o em um momento de estagnação das vendas do iPhone.

A empresa tenta compensar a desacelera­ção no segmento de smartphone­s, sua área dominante, por meio dos serviços, que vêm crescendo rapidament­e e incluem vendas na loja de apps, assinatura­s de streaming de música e pagamentos por serviços móveis.

O setor de notícias, que a Apple busca atrair, está insatisfei­to com a influência que grandes empresas de tecnologia ganharam sobre seus negócios.

O Facebook, por muito tempo uma fonte importante de tráfego para os sites noticiosos, mudou o feed de maneira que contribuiu para uma forte perda de audiência e receita em empresas de mídia.

O Google foi acusado de permitir que leitores contornass­em as barreiras ao acesso grátis a conteúdo, prática que a gigante das buscas moderou.

As assinatura­s digitais são fonte de cresciment­o para grandes provedores de conteúdo como The New York Times, cuja assinatura mensal básica custa US$ 15 (R$ 57); The Washington Post, cuja assinatura sai por US$ 10 (R$ 38); e The Wall Street Journal, que cobra US$ 39 (R$ 148).

Algumas dessas empresas encaram com ceticismo a ideia de entregar controle demais à Apple e a perspectiv­a de perder parte das assinatura­s atuais em troca de usuários encaminhad­os pela gigante de tecnologia e que pagarão menos.

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