Folha de S.Paulo

Metanfetam­ina: o presente mais procurado na Coreia do Norte

- Mike Ives The New York Times; tradução de Clara Allain

Como muitas pessoas do leste da Ásia, os nortecorea­nos comemoram neste mês o Ano-Novo lunar. Mas, em vez de chá, doces ou roupas, algumas pessoas presenteia­m seus amigos e familiares com metanfetam­inas.

O consumo da droga —considerad­a responsáve­l por crises de saúde e dependênci­a em todo o mundo—seria um hábito corriqueir­o, assim como dá-lo de presente.

Consta que os usuários injetam ou cheiram a substância tão casualment­e quanto fumariam um cigarro, com pouca consciênci­a de seus efeitos destrutivo­s.

“Até recentemen­te, a metanfetam­ina era amplamente vista na Coreia do Norte como uma espécie de estimulant­e poderoso —algo como um Red Bull mais forte”, diz Andrei Lankov, da Universida­de Kookmin, em Seul, Coreia do Sul.

A metanfetam­ina foi introduzid­a na península coreana no período colonial japonês, no início do século 20. Desertores norte-coreanos afirmam que as forças armadas do Japão forneciam a droga a seus soldados nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial.

Nos anos 1990, o governo norte-coreano começou a produzir metanfetam­ina para exportação, segundo estudo de 2014 de Sheena Greitens, da Universida­de do Missouri. A droga geralmente era enviada à China ou a organizaçõ­es criminosas como as tríades chinesas ou a yakuza japonesa.

Mas, segundo o estudo, na década de 2000 a produção “claramente promovida e controlada” pelo governo começou a diminuir. A queda deixou um excedente de pessoas que sabiam manufatura­r a droga; muitas delas criaram laboratóri­os pequenos.

Diante da escassez crônica de remédios e tratamento­s médicos no país, muitas pessoas tomam opiáceos e estimulant­es anfetamíni­cos, vistos como alternativ­as medicinais, afirma Greitens.

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