Folha de S.Paulo

Terra busca um novo lugar no espaço em conto chinês adaptado para o cinema

- Everton Lopes Batista

Investimen­tos em educação e tecnologia feitos há anos pela China vêm causando uma explosão na produção literária de ficção científica no país asiático.

Agora, o principal autor scifi chinês teve um conto adaptado para o cinema —e a obra promete ser uma das principais realizaçõe­s cinematogr­áficas do mercado local nos últimos anos.

“The Wandering Earth” (em português, a terra nômade), baseado no conto homônimo, mostra o potencial criativo de Cixin Liu, que também é engenheiro.

A história é ambientada em um futuro quando o Sol começa a entrar em colapso e a se tornar uma gigante vermelha.

Sabemos que o astro produz sua energia a partir da fusão nuclear de hidrogênio. Com o fim do estoque desse elemento químico, o processo passa a ocorrer nas camadas mais externas, o que faz seu diâmetro aumentar e causar desequilíb­rio nas órbitas dos planetas ao redor. Os planetas com menos sorte podem ser engolidos nessa brincadeir­a.

É desse material que nasce a história de “The Wandering Earth”, e a solução apontada por Cixin é um dos ápices da inventivid­ade do escritor. Uma série de engrenagen­s imensas, instaladas para regulariza­r o movimento de rotação da Terra, que já vinha apresentan­do falhas, vai ser usada para fazer o planeta sair voando até achar um lugar mais agradável no espaço.

A história que inspira o roteiro do longa-metragem está publicada na primeira coletânea de contos do escritor, lançada em inglês, que tem o mesmo título, com tradução do escritor Ken Liu.

A tradução para o inglês de “Três Corpos”, também feita por Ken Liu, ganhou o prêmio Hugo de 2015 como o melhor romance.

No Brasil, há duas obras do autor traduzidas para o português. “O Problema dos Três Corpos” e “A Floresta Sombria” são os dois primeiros volumes de uma trilogia sobre contato com inteligênc­ia alienígena. Neste ano, a editora Suma de Letras deve publicar o terceiro livro da série, “O Fim da Morte”.

Cixin, que é também produtor-executivo do filme, disse à agência de notícias chinesa Xinhua que a indústria da ficção científica é como o barômetro da força de um país, e que os filmes sci-fi precisam do apoio de uma economia forte que permita a astronauta­s transforma­rem a ficção em realidade.

O longa teve sua estreia na China no dia 5 de fevereiro, data do Ano-Novo chinês. No dia 8, o filme chegou aos Estados Unidos, à Austrália e à Nova Zelândia. Não há previsão de estreia no Brasil.

Em uma entrevista para a Xinhua, o diretor Frant Gwo disse que se a bilheteria for um sucesso, é provável que seja filmada uma sequência.

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Cena do filme ‘The Wandering Earth’, inspirado em conto de Cixin Liu

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