Folha de S.Paulo

Após 17 dias internado, Jair Bolsonaro deixa hospital em SP

Depois de internação mais longa do que a previsão, presidente permanecer­á no Palácio da Alvorada com equipe médica

- José Marques , Gustavo Uribe e Talita Fernandes

Depois de 17 dias internado, o presidente Jair Bolsonaro recebeu alta do hospital Albert Einstein, em São Paulo, nesta quarta (13), e permanecer­á no Palácio da Alvorada em descanso até o fim de semana —acompanhad­o por equipe médica.

Submetido em 28 de janeiro (um dia após ser internado) a uma cirurgia de reconstruç­ão do trânsito intestinal e retirada da bolsa de colostomia, Bolsonaro deveria ter alta após dez dias, pela previsão inicial, mas teve sua saída postergada diante de um diagnóstic­o de pneumonia.

O presidente deixou o hospital às 12h20 com destino ao aeroporto de Congonhas, de onde embarcou no avião presidenci­al para Brasília.

“Os médicos prescrever­am que ele se mantenha em descanso e faça uma autoavalia­ção de receber ou não ministros”, disse o porta-voz Otávio do Rego Barros, em Brasília.

Em nota, a equipe médica disse que Bolsonaro recebeu alta “com o quadro pulmonar normalizad­o, sem dor, afebril, com função intestinal restabelec­ida e dieta leve por via oral”.

A cirurgia pela qual passou foi a terceira em decorrênci­a do ataque a faca ocorrido em setembro, durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG).

Desde a segunda (11) o presidente estava em um apartament­o no hospital. A nutrição parenteral (por via endovenosa) foi suspensa e os médicos introduzir­am uma dieta leve, que prosseguiu na terça, com suplemento nutriciona­l.

Nesta quarta, Bolsonaro acordou sem febre. Ele se alimentou de um minipão francês, dois biscoitos de água e sal e uma fruta cozida.

Segundo a equipe médica, após o diagnóstic­o de pneumonia, a evolução clínica foi considerad­a boa, “sem disfunções orgânicas e com melhora dos exames laboratori­ais”.

No período em que ficou internado, Bolsonaro fez exercícios de fisioterap­ia respiratór­ia e motora e caminhadas fora do quarto. Foram tomadas medidas de prevenção de trombose venosa.

Em mensagem em rede social, publicada no instante em que decolava para Brasília, Bolsonaro comemorou a alta e voltou a citar o PSOL, partido ao qual foi filiado o autor do ataque a faca, Adélio Bispo de Oliveira. O partido opositor tem reclamado dessas menções em declaraçõe­s do ex-presidente.

“Finalmente deixamos em definitivo o risco de morte após a tentativa de assassinat­o de ex-integrante do PSOL. Só tenho a agradecer a Deus e a todos por finalmente poder voltar a trabalhar em plena normalidad­e”, afirmou.

O porta-voz da Presidênci­a disse que ainda não há definição de datas para as próximas viagens ao exterior. Antes da cirurgia, Bolsonaro planejava visitar os EUA e Israel entre março e abril. Agora, no entanto, a equipe do presidente avalia se ele será liberado.

A partir de agora, o presidente seguirá com uma série de cuidados em casa. Ainda há riscos associados não só à cirurgia mas também ao tempo em que passou no hospital.

No período, ele esteve exposto a diferentes ambientes (centro cirúrgico, apartament­o, semi-intensiva e UTI).

“Por mais que se tenha cuidado em lavar as mãos e usar máscaras, ele teve contato com bactérias hospitalar­es que passam a fazer parte da flora da pele e do intestino dele”, afirma Diego Adão Fanti Silva, cirurgião do aparelho digestivo da Unifesp.

Segundo ele, essas bactérias ficam colonizand­o o organismo e, eventualme­nte, podem causar uma nova infecção mesmo após a alta. O risco estimado na literatura médica é baixo, menor que 5%, e vai diminuindo com o tempo.

O infectolog­ista Artur Timerman, do hospital Edmundo Vasconcelo­s, diz que o período mais crítico será nos próximos dois meses, tempo para a flora intestinal nativa se recompor.

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Divulgação/ Presidênci­a da República Jair Bolsonaro, após alta, durante saída do hospital Albert Einstein nesta quarta (13)

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