Folha de S.Paulo

Instinto de sobrevivên­cia

- Daniela Lima painel@grupofolha.com.br

O açoite em praça pública de Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral) surpreende­u não só o próprio ministro, antes visto como braço direito de Jair Bolsonaro, mas também nomes do PSL e de siglas da base. Pressionad­o a pedir demissão, Bebianno disse a pessoas próximas que, na primeira crise, colocaram sua “cabeça na bandeja”. Após o episódio, aliados disseram que a lição que fica é a de que o clã que ocupa o Planalto não hesitará em jogar quem quer que seja aos leões para salvar a própria pele.

fera ferida

Para entender o quilate do aliado que Bolsonaro deixou ao relento: Bebianno assumiu a presidênci­a do PSL durante a campanha de 2018, coordenou os gastos da empreitada rumo ao Planalto, comandou a estratégia jurídica e participou de praticamen­te todas as decisões estratégic­as, como, por exemplo, as de comunicaçã­o.

príncipe

Integrante­s do PSL viram na exposição pública de Bebianno a maior prova da ingerência dos filhos do presidente, em especial Carlos, no governo —o que foi interpreta­do como péssimo sinal.

batata quente

Bebianno passou esta quarta (13) dizendo que se recusava a pedir demissão porque se considerav­a injustiçad­o. Ele atribuiu o escândalo de distribuiç­ão de recursos eleitorais a candidatas de fachada, revelado pela Folha, ao atual presidente do PSL, Luciano Bivar (PSL-PE). Os dois pararam de se falar. Bebianno tentou, de novo, fazer contato com Bolsonaro nesta quarta, mas não conseguiu.

pega a senha

Deputados e integrante­s do Judiciário lembram que o badalado pacote anticrime do ministro Sergio Moro (Justiça) pode acabar ficando para trás na fila de projetos que tratam de mudanças na lei para fortalecer o combate ao crime.

tem lastro

Esse grupo lembra que a proposta de Alexandre do Moraes, do STF, por exemplo, chegou ao Congresso em maio de 2018.

tem lastro 2

Entusiasta­s da prioridade do ministro ressaltam ainda que pesquisa recente da AMB mostrou amplo apoio a uma das sugestões de Moraes: a criação de colegiados para o julgamento de casos graves, como os vinculados ao crime organizado.

no embalo

Integrante­s da Confederaç­ão Nacional dos Municípios sugeriram ao ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) que a reforma da Previdênci­a seja votada durante a Marcha dos Prefeitos, em abril.

meu tempo

Mais de 4 mil governante­s estarão em Brasília na ocasião, o que poderia ampliar a pressão sobre o Congresso para a aprovação das mudanças. Pela projeção de Onyx, a CCJ deve levar cerca de 30 dias analisando a reforma.

meio termo

Personagen­s importante­s do mercado financeiro receberam o recado de que a equipe econômica vê viabilidad­e para o cenário da reforma da Previdênci­a que daria ao presidente um caminho confortáve­l para o discurso político e a Paulo Guedes (Economia) um resultado satisfatór­io nas contas públicas.

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Este cenário é o que contempla um plano em duas etapas: a idade mínima seria elevada a 57 anos para mulheres e 62 anos para homens até 2022. A partir daí, haveria nova transição para chegar até 2030 a 62 anos para elas e 65 anos para eles.

amado mestre

Desta forma, a primeira fase da idade mínima contemplar­ia proposta defendida por Bolsonaro em entrevista ao SBT.

remediar

Na tentativa de organizar a base antes de votação da Previdênci­a, o ministro da Casa Civil disse a deputados que foram ao Planalto que estava esperando “o capitão voltar” para rediscutir com Bolsonaro a articulaçã­o política do Planalto.

mato no peito

De acordo com os relatos, Onyx disse que apresentar­á ao presidente um plano de ação sobre a relação com o Congresso. Ele vai pedir que as tratativas com os deputados fiquem só sob sua responsabi­lidade.

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