Vale será reprivatizada, afirma secretário de Desestatização
Salim Mattar defende redução de presença dos fundos de pensão na empresa
Secretário especial de Desestatização, Salim Mattar, responsável por tocar a agenda de privatizações de Paulo Guedes (Economia), disse que a Vale será reprivatizada.
“A Vale foi privatizada, certo? Não, a Vale não foi privatizada, a Vale é uma estatal”, afirmou. “Fundos de pensão, patrocinados pelo Estado, detêm o controle da Vale. Estamos aqui para privatizar, para reprivatizar a Vale.”
Após a declaração, o secretário foi questionado sobre como pretende privatizar a Vale. Os fundos de pensão são de natureza privada, e os recursos pertencem aos funcionários de estatais para financiar as suas aposentadorias.
“Talvez tenhamos que melhorar o aspecto de desestatização, reduzindo um pouco a presença desses fundos nessas empresas, de forma que as empresas possam ser mais privadas e que não tivessem interferência do governo.”
Quando lhe foi perguntado se o governo pretende incentivar a venda de ações da Vale pelos fundos de pensão, Mattar respondeu: “Não estou dizendo isso, estou dizendo que a sociedade e o governo precisam fazer uma reflexão”.
O BNDESPar, braço de investimentos do banco estatal, também detém ações da Vale e “é natural que essas ações sejam vendidas”.
“Os governos anteriores eram muito estatistas”, disse, enfatizando que os bancos estatais foram orientados no passado a comprar ações de companhias privatizadas.
“Este governo veio para desestatizar. Então é natural que num período de tempo essas ações [do BNDESPar] sejam vendidas sem trazer prejuízo ao pagador de impostos, ao cidadão, então tem que descobrir o ‘timing’ correto para se desfazer dessa carteira.”
As ações da Vale sofreram forte desvalorização em razão do rompimento da barragem em Brumadinho.
Mattar defendeu evitar “demonizar” a empresa no caso.
Para ele, os responsáveis pela tragédia devem responder no seu CPF, mas a empresa tem de ser preservada para manter empregos e a arrecadação tributária.
“Um ou dois aviões caem por ano e morrem 120, 130 pessoas. Pede-se que a diretoria da empresa caia ou se demoniza a companhia?”, disse.
“Em Brumadinho, caíram dois aviões, como seria o tratamento de uma companhia aérea e como estamos tratando a Vale?”, questionou.
“Um ou dois aviões caem por ano e morrem 120, 130 pessoas. Pede-se que a diretoria da empresa caia ou se demoniza a companhia? Salim Mattar, secretário especial de Desestatização