Humano triunfa sobre debatedor de inteligência artificial criado pela IBM
A IBM fracassou em seu mais recente esforço para provar que a máquina pode vencer o homem. Mas foi por pouco.
O sistema de debate acionado por inteligência artificial criado pela gigante da tecnologia seis anos atrás e apelidado carinhosamente de “Miss Debater” enfrentou um dos praticantes mais experientes da arte do debate, na segunda-feira (11).
Depois de 25 minutos de troca de opiniões sobre subsídios a pré-escolas —durante os quais o sistema de inteligência artificial com voz de mulher teve momentos de humor muito característicos do homo sapiens—, a audiência concedeu a vitória a Harish Natarajan, 31.
A disputa heterodoxa é o mais recente desafio envolvendo homens contra máquinas, em momentos sempre caracterizados por marketing intenso.
As vitórias em debates, que requerem criatividade e expressão emotiva, se provaram mais difíceis.
A máquina da IBM —conhecida formalmente como Project Debater— abriu a disputa da segunda-feira com uma saudação provocante.
“Fui informado de que você é recordista em vitórias nas competições de debate entre seres humanos, mas desconfio de que nunca tenha enfrentado uma máquina. Bem-vindo ao futuro.”
O evento aconteceu diante de centenas de jornalistas, profissionais de tecnologia e engenheiros de software, durante a conferência Think da IBM, no centro de San Francisco.
O assunto em discussão era: devemos ou não subsidiar pré-escolas.
Ginni Rometty, presidente-executiva da IBM, estava entre os espectadores, que deram vitória a Natarajan no debate, mas também disseram que a máquina da empresa havia enriquecido mais os seus conhecimentos.
Os dois participantes foram informados sobre o tópico ao mesmo tempo e tiveram 15 minutos para resumir seus argumentos a uma fala de quatro minutos, com quatro minutos para refutação e dois minutos para resumo.
A ameaçadora caixa-preta do Project Debater tem a altura de uma pessoa. Ela digere mais de 10 bilhões de sentenças de artigos noticiosos e publicações científicas.
Diante da máquina, no palco, Natarajan escrevia anotações em uma folha de papel.
Embora a inteligência artificial tenha sido derrotada, o evento representou uma espécie de culminação para o criador do projeto, Noam Slonim.
Sentado na primeira fila na noite da segunda-feira, o pesquisador foi visto rindo e fazendo caretas de preocupação durante o debate. Ele sabia que sua máquina era o azarão.
“É como estar sentado na plateia vendo seu filho no palco competindo contra um pianista de primeira classe, e com todo o mundo assistindo”, ele disse.
Debater requer estabelecer conexões com pessoas e convencê-las de um ponto de vista. A forma de apresentação é crucial, e “isso é território humano”.