Folha de S.Paulo

Apaixonado pelo Corinthian­s, pregava o diálogo na torcida

- Ricardo Hiar coluna.obituario@grupofolha.com.br

A paixão que o paulistano Thomas Castilho tinha pelo Corinthian­s nunca foi segredo para ninguém. Na juventude, já acompanhav­a de perto todos campeonato­s.

Certa vez, ele e o amigo Gustavo, com quem estudava no colégio Santa Cruz, decidiram ver o Corinthian­s jogar em Novo Horizonte, no interior de São Paulo. Como não podiam faltar à aula, saíram da escola no dia da disputa e foram para a quadra da Gaviões da Fiel, de onde pegaram um ônibus para o estádio. Enfrentara­m seis horas para ir e outras seis para voltar, sem ver o time do coração ganhar. Chegaram a São Paulo já de manhã e foram direto para a escola, sem banho e com a mesma roupa do dia anterior. Para ele não tinha tempo ruim, quando o assunto era futebol.

Também na companhia de Gustavo o jovem seguiu para Ribeirão Preto para assistir a final entre o Corinhtian­s e o Palmeiras. Ele pegou emprestado o “Chapolin”, como chamava o fusca vermelho de sua mãe, e como estava com febre, pediu que o amigo dirigisse. O cochilo durante o trajeto fez com que guardasse energia para vibrar em campo durante o jogo e comemorar a vitória corintiana.

Como associado da Gaviões, atuou em alguns cargos. Filho da jornalista e feminista Inês Castilho e do fotógrafo Ormuzd Alves, que trabalhou na Folha, Thomas priorizava o diálogo mesmo numa área onde os ânimos costumam estar exaltados.

“Ele chegou lá com uma voz mais conciliado­ra, com um discurso agregador. O lema da Gaviões, que é lealdade, humildade e procedimen­to, estava presente no Thomas de forma verdadeira”, diz Gustavo.

Em 2018, o paulistano foi a Cuba para tratar-se de um tumor no cérebro, diagnostic­ado pouco tempo antes. Teve uma melhora, mas perdeu a batalha no dia 9 de fevereiro, quando morreu aos 42 anos. Deixou três filhos, a nova geração corintiana da família.

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