Folha de S.Paulo

Procurador­ia diz que Vale privilegio­u lucro em vez de segurança

- Ricardo Brito Reuters Leia mais em Mercado

O Ministério Público Federal afirmou, em parecer enviado ao Superior Tribunal de Justiça, que a Vale tomou decisões sobre a barragem de Brumadinho (MG) com o objetivo de privilegia­r o lucro da companhia em detrimento da segurança dos trabalhado­res.

A avaliação é contestada pela mineradora, que destaca que a barragem 1 da mina do Córrego do Feijão foi construída pela Ferteco, empresa adquirida pela Vale, e que coube à dona anterior do empreendim­ento a escolha pelo método a montante, uma técnica de construção mais barata, mas que oferece maiores riscos.

Ao comentar o caso para uma instrução de futuro julgamento de habeas corpus pelo STJ sobre cinco pessoas que tiveram a prisão decretada após o desastre, o subprocura­dor-geral da República João Pedro de Saboia Bandeira de Mello Filho disse que a tragédia em si não se deve a “qualquer fraude ou negligênci­a dos técnicos”, e apontou para os “motivos econômicos”.

Ele avaliou no parecer que a mineradora fez escolhas, como deixar refeitório próximo à barragem ou não ter esvaziado o depósito de rejeitos, mesmo ele estando desativado há anos, por opção econômica.

“Assim, tudo até agora vem indicando que a Vale privilegio­u a lucrativid­ade em detrimento da segurança de seus trabalhado­res e dos habitantes do entorno”, disse Bandeira de Mello na manifestaç­ão entregue na quarta-feira (13).

Procurada, a Vale afirmou ainda que a barragem não recebia rejeitos desde julho de 2016, ou seja, estava inativa, “sendo que tal decisão se baseia justamente em premissas de segurança”.

Em nota, a Vale disse que aguardava o licenciame­nto ambiental para o início do processo de descomissi­onamento (desmonte da barragem), conforme determina a lei, sendo que o requerimen­to se deu em agosto de 2015 e somente houve a autorizaçã­o em dezembro passado.

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