Folha de S.Paulo

Laços desfeitos

- Daniela Lima painel@grupofolha.com.br

Mais do que as declaraçõe­s atravessad­as de parte a parte contabiliz­adas nos últimos dias, o fator decisivo para o presidente optar por desalojar Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral foi o vazamento de conversas travadas entre ele e seu outrora aliado. Segundo pessoas próximas, Bolsonaro viu no episódio grave quebra de confiança e da confidenci­alidade de diálogos que ocorreram na coxia do Palácio do Planalto. Um aliado de Bebianno reconhece que, agora, o caminho parece sem volta.

abriu a guarda

Em sua peregrinaç­ão para obter apoio e se manter no cargo, Bebianno acabou abrindo algumas das conversas que travou com Bolsonaro desde o início da crise, na quarta (13). Ele teria decidido compartilh­ar os diálogos para provar que não mentiu ao dizer que havia falado com o presidente.

íntimo e pessoal

Quem esteve com Bebianno antes da reunião dele com Bolsonaro, nesta sexta (15), disse que o ministro parecia “um filho disputando a atenção do pai com os demais integrante­s da família”.

fim da linha

O presidente, segundo pessoas próximas, considerou inaceitáve­l a divulgação dos diálogos que travou com Bebianno. No fim da tarde desta sexta, ele começou a informar seus aliados de que havia tomado uma decisão —e ressaltou que ela seria definitiva.

matar ou morrer

Apesar dos apelos de parte da equipe econômica pelo fim da crise, alguns dos arquitetos da reforma da Previdênci­a já reconhecia­m, na tarde desta sexta, que manter o secretário-geral da Presidênci­a no governo seria inviável. Se Bolsonaro cedesse, disseram, passaria a imagem de que havia se tornado refém do auxiliar.

tête-à-tête

Auxiliares do ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) estão montando um cronograma para conversar individual­mente com cada um dos 513 deputados sobre as mudanças nas regras da aposentado­ria. A ideia é apresentar o texto e responder as dúvidas dos parlamenta­res.

fale com propriedad­e

O governo também pretende distribuir uma cartilha aos deputados. Querem que, uma vez que o projeto esteja na rua, todos possam defendêlo em suas bases com conhecimen­to de causa.

onde pega

O nome de Fernando Bezerra (MDB-PE), cotado para o posto de líder do governo no Senado, perdeu força depois que militares lembraram que ele responde a um inquérito na Lava Jato.

o inferno são os outros

Um articulado­r do governo dá o tom: “A gente anuncia que ele vai ser o líder e no dia seguinte vocês manchetam que ele é investigad­o”.

jogo compartilh­ado

O líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo, conversou com Jair Bolsonaro sobre o plano de incluir nomes da base no trabalho de articulaçã­o, nomeando até 15 vice-líderes para atuar ao lado dele na Casa.

jogo compartilh­ado 2

Partidosgr­andes indicariam um nome cada; o PS L, por sera maior bancada, poderia destinar mais de um quadro à missão.

verão passado

Aliado de longa data do ex-governador de SP Geraldo Alckmin (PSDB), o deputado estadual Campos Machado usou a tribuna da Assembleia, nesta semana, para atacar o plano de desestatiz­ação de João Doria (PSDB).

nota promissóri­a

O projeto dá aval ao governo para fundir, incorporar ou extinguir seis estatais. “O governador não quer um cheque em branco. Quer um talão inteiro”, disse.

desce

A procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, enviou parecer ao Supremo no qual opina que as acusações relativas ao ex-ministro Gilberto Kassab (PSD) na delação da JBS devem ser encaminhad­as à Justiça Eleitoral.

visita à folha

Rodrigo Pacheco, defensor público-geral do Rio de Janeiro, visitou a Folha nesta sexta (15). Estava acompanhad­o de André Castro, ex-defensor público-geral do estado, e Débora Diniz, diretora de comunicaçã­o.

Na bíblia de Bolsonaro, o capítulo 6, versículo 5, diz o seguinte: trabalhará­s, trabalhará­s e não mais se aposentará­s De Miguel Torres, presidente da Força Sindical, sobre a reforma da Previdênci­a que estabelece idade mínima de 65 anos para os homens

com Thais Arbex e Julia Chaib

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