Bebianno reconhece que deve ser exonerado
Pivô de crise, ministro diz não saber por que recebe tratamento diferente ao dado a titular da pasta de Turismo
O ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência) confirmou que o presidente Jair Bolsonaro pretende demiti-lo na segunda (18). “A tendência é essa, exoneração”, disse. “A hora em que sair o papel com a exoneração é porque eu fui exonerado”, afirmou.
Bebianno está no centro da crise instalada no Planalto desde que a Folha revelou esquema de candidaturas laranjas do PSL, partido presidido pelo ministro de janeiro a outubro de 2018. “Simplesmente a Folha
de S.Paulo tenta forçar, induzir essa coisa, mas não é verdade”, declarou o ministro sobre as reportagens.
Ele confirmou ter recusado a oferta de uma diretoria em Itaipu. “Não foi esse meu emprego, meu projeto era eleger a pessoa que me inspirava confiança e eu achava que ia mudar os rumos do Brasil para melhor.”
Bebianno negou ter tido diálogo ríspido com Bolsonaro e vazado áudios de conversas com o presidente.
Questionado, disse não saber a razão da diferença de tratamento do seu caso em relação ao do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, também suspeito em caso de candidaturas de laranjas do PSL. “Quem dispensa o tratamento é que tem que explicar.”
O ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência) confirmou neste sábado (16) que Jair Bolsonaro pretende demiti-lo na segunda-feira (18) e disse estar perplexo com a diferença de tratamento que vem recebendo do presidente em comparação ao do ministro Marcelo Álvaro Antônio (Turismo).
Ambos estão sob suspeita por casos de candidaturas laranjas do PSL revelados pela Folha, mas Bolsonaro indicou a saída apenas de Bebianno do governo —deixando um ato de demissão assinado.
“A tendência é essa, exoneração”, disse neste sábado a jornalistas. “Eu quero ver o papel com a exoneração, a hora em que sair o papel com a exoneração é porque eu fui exonerado”, afirmou o ministro.
Bebianno tornou-se o centro de uma crise instalada no Palácio do Planalto após a Folha revelar um esquema de candidatas laranjas do PSL (partido presidido por ele entre janeiro e outubro de 2018).
No caso de Álvaro Antônio, seu envolvimento é por casos de postulantes de fachada de Minas que receberam recursos volumosos do fundo eleitoral e tiveram votações pífias.
“Eu estou recebendo tratamento com perplexidade. Quem dispensa o tratamento é que tem que explicar os seus motivos”, disse Bebianno, ao reclamar da diferenciação.
“No caso de Minas Gerais, do Marcelo Álvaro Antônio, por que é que eu não sou culpado então?”, perguntou.
Questionamento semelhante ao de Bebianno foi replicado neste sábado por Janaina Paschoal (PSL-SP), deputada estadual mais votada do país —com 2 milhões de votos.
“Não tem cabimento um presidente da República dizer que demitirá uma pessoa passados três dias. [...] Um líder precisa adotar critérios minimamente claros”, escreveu Janaina, em rede social.
“Se é verdade que Bebianno está saindo por um eventual envolvimento com as supostas laranjas, outro membro da equipe citado em situação ainda mais problemática deve ser afastado também”, disse.
Bebianno confirmou neste sábado que recusou uma oferta de assumir uma diretoria em Itaipu em troca de deixar o Palácio do Planalto. “Não foi esse meu emprego, meu projeto era eleger a pessoa que me inspirava confiança e eu achava que ia mudar os rumos do Brasil para melhor.”
Ele negou ter tido uma conversa ríspida com Bolsonaro na sexta-feira (15) e ter vazado áudios de conversas privadas com o presidente. ”Não vazei nada, nunca fiz isso”, disse.
Bebianno criticou a Folha, que publicou uma série de reportagens revelando um esquema de candidaturas laranjas do PSL com uso de recursos públicos eleitorais. Ata de reunião do partido delegou a Bebianno a responsabilidade pelos repasses dessa verba.
“Se for provado algo contrário, a responsabilidade não é minha, não é da nacional, isso não existe. Simplesmente a Folha de S.Paulo tenta forçar, induzir essa coisa, mas não é verdade. Simplesmente a Folha de S.Paulo consegue atingir a honra de uma pessoa de bem porque na política a gente sabe como as coisas funcionaram até aqui. Então a política é muito mal vista”, afirmou Bebianno.
“A minha consciência está absolutamente tranquila e limpa, a Folha de S.Paulo publicou tentando me vincular, não tem nada a ver comigo, isso é a lei, o estatuto do partido, é o bom senso”, ressaltou.
Sem citar Bolsonaro, Bebianno publicou na madrugada mensagem em rede social dizendo que “a lealdade é um gesto bonito das boas amizades”. “Uma pessoa leal sempre será leal. Já o desleal, coitado, viverá sempre esperando o mundo desabar na sua cabeça”, diz trecho da íntegra da mensagem, atribuída por ele ao escritor brasileiro Edgard Abbehusen.
A postagem ocorreu após a divulgação de que o presidente decidiu demitir o ministro.
Na manhã deste sábado (16), o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) esteve no Palácio do Alvorada para discutir o assunto com o presidente.
“Continuamos conversando, o presidente está refletindo e segunda-feira devemos ter solução”, disse o ministro.
Bebianno disse que não mudou seu pensamento sobre Bolsonaro. “Continuo tendo o mesmo carinho pelo presidente. Eu continuo gostando dele da mesma maneira, trabalhei dois anos para eleger, fiz o que pude, fiz além do que qualquer ser humano normal faria. É um direito que ele tem exonerar quem ele quiser, é um governo dele”, afirmou.
Segundo ele, Bolsonaro “precisa de um tempo para ele depurar na cabeça dele e ele colocar na balança o que ele quer fazer, só isso”. “Ele é um ser humano como outro qualquer”, disse.
Onyx Lorenzoni liderou o movimento de ministros que tentou garantir a permanência de Bebianno. No fim da tarde, porém, o clima azedou após reunião com Bolsonaro. Em seguida, o SBT Brasil anunciou que o presidente decidira pela exoneração.
A temperatura da crise subiu na quarta (13), quando Carlos, o filho que cuida da estratégia digital do presidente, postou no Twitter que o ministro havia mentido ao jornal O Globo ao dizer que conversara com Bolsonaro três vezes na véspera, negando desgaste.
Mais tarde, Carlos divulgou um áudio no qual o presidente se recusa a conversar com Bebianno. Bolsonaro endossou a atitude do filho —repostando a acusação de Carlos e dizendo à TV Record que não havia conversado com o ministro.
A gota-d’água para a demissão, segundo integrantes do Planalto, foi o vazamento de diálogos privados entre Bolsonaro e Bebianno ao site O Antagonista e à revista Veja.
Apesar do discurso de aliados nos últimos dias contra a interferência de filhos do presidente no governo, Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL-SP, compartilhou neste sábado em rede social mensagem crítica a Bebianno e a favor do irmão.
“E ainda tem jumento que diz que o Carlos atrapalha o pai”, diz a mensagem escrita por um terceiro e compartilhada por Eduardo. O texto ataca ainda “membros do establishment e da mídia” que sairiam em defesa de Bebianno.
“A tendência é essa, exoneração. Eu quero ver o papel com a exoneração, a hora em que sair o papel com a exoneração é porque eu fui exonerado
Eu estou recebendo tratamento com perplexidade. Quem dispensa o tratamento é que tem que explicar os seus motivos Gustavo Bebianno ministro da Secretaria Geral da Presidência
“Continuamos conversando, o presidente está refletindo e segunda-feira devemos ter solução Onyx Lorenzoni ministro da Casa Civil