Ex-executivos da Gafisa criticam CVM por inação durante comando de gestora
A atuação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) é um dos pontos mais criticados por executivos que trabalhavam na Gafisa antes de serem demitidos pela gestora GWI, que assumiu o comando da companhia em setembro de 2018.
O período à frente da incorporadora acabou na última quinta (15), menos de seis meses após promover mudanças radicais no comando.
Presidida pelo sul-coreano Mu Hak You, a empresa de investimentos vendeu cerca de 33% de suas ações e voltou a ser minoritária. Os compradores ainda não foram anunciados.
Além de desaprovar o comportamento e as decisões do acionista, ex-executivos dizem que o órgão regulador deveria ter agido mais intensamente.
Um exemplo citado é o programa de recompra de ações promovido pela companhia logo após a entrada da GWI, quando pagamentos para fornecedores foram atrasados e a Gafisa estava alavancada.
Um ex-diretor critica a ina- ção durante a votação que destituiu a administração antiga, quando o presidente do conselho foi impedido de comandar a assembleia por uma liminar.
O mais usual, porém, é que o órgão exerça uma função punitiva, segundo Viviane Prado, professora da FGV Direito SP.
“Meu entendimento é que não cabe ao regulador entrar no mérito de decisões da gestão. É difícil imaginar que se acompanhe todas as empresas para verificar se a diligência foi cumprida. E seria um juízo muito preliminar e breve.”
A CVM diz, em nota, que há ao menos dois processos em andamento sobre a Gafisa, um deles especificamente sobre o programa de recompra de ações. Procuradas, Gafisa e GWI não comentaram.