Folha de S.Paulo

Com Jennifer Aniston, comédia sobre gordofobia e aceitação é cheia de clichês

- Teté Ribeiro

STREAMING Dumplin’ ***** EUA, 2018. Direção: Anne Fletcher. Elenco: Danielle Macdonald, Jennifer Aniston, Odeya Rush. Na Netflix Se você é fã da cantora country Dolly Parton, 73, de “9 to 5”, “Island in the Stream”, “Two Doors Down”, entre muitas outras, vai achar “Dumplin’”, filme que estreou na Netflix, mais divertido do que o resto dos mortais.

As músicas de Parton são a inspiração da personagem principal, a Dumplin’ do título, a se aceitar como é, uma adolescent­e bem gorda que só tem uma amiga e trabalha na lanchonete da cidade.

O nome dela é Willowdean (Danielle Macdonald, de “Patty Cakes”), difícil de soletrar até para os americanos, e é filha de uma ex-miss, Rosie (Jennifer Aniston), que continua envolvida com os concursos de beleza da cidade onde vivem, no Texas. É sua mãe que lhe dá o apelido de Dumplin’, e ela odeia.

O longa até tenta desviar de alguns clichês (não há um grupo de garotas bonitas e más), mas abraça outros com todas as forças. A protagonis­ta gosta de um menino bonito e não acredita quando ele demonstra que também gosta dela. Drag queens entram em cena para ensinar as meninas a se comportar no palco.

Enquanto isso, a melhor amiga, Ellen, vira uma adolescent­e atraente que arruma um namorado, deixando Willowdean meio de lado. Ela tem problemas de autoestima. A relação com a mãe é péssima.

Will, como é chamada pelos amigos, foi criada com a ajuda de Lucy, irmã de Rosie e também gorda, e tinha na tia sua grande entusiasta. Mas Lucy morre, e Will fica deprimida.

Mexendo nas coisas dela, que insiste em guardar, encontra um formulário de inscrição para um concurso de beleza de quando era adolescent­e. Depois do susto, vem a ideia: se inscrever no campeonato daquele ano, prestes a começar, e confrontar a mãe, uma das organizado­ras da competição.

Para isso, convence a melhor amiga a acompanhá-la, e leva de quebra a punk da escola e outra gordinha. As quatro espantam os jurados, que acabam aceitando as competidor­as fora dos padrões. E elas não perdem nenhuma oportunida­de de demonstrar sua falta de aptidão para a coisa.

O resto é quase previsível, com bons momentos salpicados aqui e ali, quase todos tirados de letras de Dolly Parton (“descubra quem você é e faça tudo de propósito” é uma, “meus erros não são piores do que os seus só porque eu sou uma mulher” é outra).

O que não dá muito para entender é o envolvimen­to de Jennifer Aniston com o filme, dirigido por Anne Fletcher (de “A Proposta” e “Vestida para Casar”). Apesar de não ser a protagonis­ta, ela assina como produtora-executiva. Seu papel é de uma mulher quase sempre desagradáv­el, autocentra­da, que passa a vida pensando no concurso anual de miss que venceu em 1991.

É até louvável que com essa nova personagem ela assuma a idade, 50 anos. Mas não tem cenas engraçadas nem com bons diálogos e ela não está nem bonita nem feia o suficiente para deixar clara a transforma­ção.

O trunfo é mesmo Danielle Macdonald, uma boa atriz que revelou seu talento em “Patty Cakes” (2017) e não decepciona aqui. Mas nem ela consegue salvar “Dumplin’”, já que na maioria das cenas está malhumorad­a, irritada ou triste. São poucos momentos agradáveis para tanta angústia.

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Divulgação Jennifer Aniston interpreta a mãe da protagonis­ta de ‘Dumplin’’

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