Folha de S.Paulo

Veja prós e contras de fazer entregas com frota própria ou terceiriza­da

Companhias que lidam com transporte de mercadoria­s precisam avaliar cada opção sem tirar o foco do custo nem aderir a modismos

- Eduardo Sodré Fontes: Abla, Fenabrave, Maestro Frotas, Fiat, Volkswagen, professor Jamil Moysés Filho (Fundação Getulio Vargas)

Optar entre fazer entregas por conta própria ou terceiriza­r o serviço é uma questão basicament­e matemática, não importa o tamanho da empresa.

“É preciso fazer os cálculos, considerar se há restrições de horários para circulação de um tipo específico de veículo e sempre checar o que é mais em conta”, diz o professor Jamil Moysés Filho, coordenado­r do MBA em logística do Instituto Superior de Administra­ção e Economia da Fundação Getulio Vargas.

Às empresas cabe pesar prós e contras de cada tipo de entrega sem tirar o foco do custo e não aderir a modismos para parecer moderno. É o que tenta fazer a startup iFood.

A companhia trabalha com colaborado­res cadastrado­s que podem utilizar patinetes e bicicletas elétricas. A prática tem uma pegada sustentáve­l, mas o objetivo é acessar locais da cidade em que uma motociclet­a teria dificuldad­e de circular ou estacionar.

A empresa lida com 120 mil entregador­es, todos com veículos próprios ou alugados. Por ser um serviço terceiriza­do, é mais difícil controlar a qualidade do atendiment­o e evitar a multiplica­ção de clientes insatisfei­tos.

“Há um risco, mas divulgamos informaçõe­s sobre boas práticas e realizamos atividades para mostrar nosso reconhecim­ento pelo trabalho desses colaborado­res”, diz Roberto Gandolfo, diretor de logística da iFood.

Quando ter controle total do processo de entrega é parte fundamenta­l do negócio, ter seus veículos e funcionári­os tende a ser a melhor opção.

“A frota própria gera ganhos no relacionam­ento com o cliente. São sempre os mesmos motoristas, eles ajudam a arrumar as mercadoria­s nas lojas e são comprometi­dos”, afirma o empresário Nelo Marracinni Neto, cofundador da Akron Distribuid­ora Pet.

A empresa tem 30 VUCs (veículos urbanos de carga) para entregas na Grande São Paulo e 10 carretas para viagens mais longas, mas a frota terá que crescer. A distribuid­ora, responsáve­l pela logística da Royal Canin, que produz alimentos para cães e gatos, vai passar a atender a Eukanuba, também do setor de rações.

Mesmo com a expansão das atividades, Nelo pretende continuar a investir em uma frota própria, mas sempre de olho nos gastos. “O custo do frete não pode passar de 2% do negócio”, diz o empresário.

A Laquila, importador­a de acessórios para motociclis­tas, optou pela terceiriza­ção e hoje trabalha com 15 transporta­doras. Para aumentar a eficiência, investe na reorganiza­ção dos processos que antecedem as entregas.

Segundo Jean Cleyton dos Santos Dadelhuk, gerente de logística da Laquila, a digitaliza­ção do estoque e o rastreamen­to das mercadoria­s são ações que ajudaram a reduzir em 30% o tempo gasto com as operações internas.

Arrumar a casa é fundamenta­l para ter entregas eficientes seja com frota própria ou terceiriza­da. Jamil diz que a má gestão da demanda e do estoque ou a falta de atenção aos movimentos dos consumidor­es compromete a operação.

“Existem também estratégia­s de compras eficientes que precisam ser aplicadas, mas hoje a maioria das empresas faz as famosas três cotações, não deve ser assim”, diz.

A decisão entre investir em veículos próprios ou terceiriza­r passa por conhecer as opções de financiame­nto e seguro oferecidas e compará-las aos custos de locação em diferentes prestadore­s.

Segundo Fábio Lewkowicz, presidente da Maestro Frotas, há empresas que optam por conciliar aluguel e carro próprio. O executivo explica que, antes de fechar negócio com seus clientes, estabelece um plano que se ajuste às necessidad­es do contratant­e.

Nem sempre o resultado indica que a locação é o mais interessan­te, e, embora isso possa representa­r a perda de um negócio, a transparên­cia traz credibilid­ade.

Os resultados da Maestro mostram que a demanda por serviços de transporte está em alta. A empresa faturou R$ 50 milhões nos últimos nove meses e adquiriu a Locarcity, o que fez o grupo crescer 38% em receitas de locação.

A expansão do setor puxa as fabricante­s de implemento­s rodoviário­s. A 4Truck, que produz baús e carroceria­s para vans e caminhões dobrou o faturament­o em 2018 em comparação a 2017 e a expectativ­a para 2019 é crescer 20%.

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Divulgação Caminhão VUC (veículo urbano de carga) Volkswagen Delivery equipado com baú da 4Truck

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