Veja prós e contras de fazer entregas com frota própria ou terceirizada
Companhias que lidam com transporte de mercadorias precisam avaliar cada opção sem tirar o foco do custo nem aderir a modismos
Optar entre fazer entregas por conta própria ou terceirizar o serviço é uma questão basicamente matemática, não importa o tamanho da empresa.
“É preciso fazer os cálculos, considerar se há restrições de horários para circulação de um tipo específico de veículo e sempre checar o que é mais em conta”, diz o professor Jamil Moysés Filho, coordenador do MBA em logística do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getulio Vargas.
Às empresas cabe pesar prós e contras de cada tipo de entrega sem tirar o foco do custo e não aderir a modismos para parecer moderno. É o que tenta fazer a startup iFood.
A companhia trabalha com colaboradores cadastrados que podem utilizar patinetes e bicicletas elétricas. A prática tem uma pegada sustentável, mas o objetivo é acessar locais da cidade em que uma motocicleta teria dificuldade de circular ou estacionar.
A empresa lida com 120 mil entregadores, todos com veículos próprios ou alugados. Por ser um serviço terceirizado, é mais difícil controlar a qualidade do atendimento e evitar a multiplicação de clientes insatisfeitos.
“Há um risco, mas divulgamos informações sobre boas práticas e realizamos atividades para mostrar nosso reconhecimento pelo trabalho desses colaboradores”, diz Roberto Gandolfo, diretor de logística da iFood.
Quando ter controle total do processo de entrega é parte fundamental do negócio, ter seus veículos e funcionários tende a ser a melhor opção.
“A frota própria gera ganhos no relacionamento com o cliente. São sempre os mesmos motoristas, eles ajudam a arrumar as mercadorias nas lojas e são comprometidos”, afirma o empresário Nelo Marracinni Neto, cofundador da Akron Distribuidora Pet.
A empresa tem 30 VUCs (veículos urbanos de carga) para entregas na Grande São Paulo e 10 carretas para viagens mais longas, mas a frota terá que crescer. A distribuidora, responsável pela logística da Royal Canin, que produz alimentos para cães e gatos, vai passar a atender a Eukanuba, também do setor de rações.
Mesmo com a expansão das atividades, Nelo pretende continuar a investir em uma frota própria, mas sempre de olho nos gastos. “O custo do frete não pode passar de 2% do negócio”, diz o empresário.
A Laquila, importadora de acessórios para motociclistas, optou pela terceirização e hoje trabalha com 15 transportadoras. Para aumentar a eficiência, investe na reorganização dos processos que antecedem as entregas.
Segundo Jean Cleyton dos Santos Dadelhuk, gerente de logística da Laquila, a digitalização do estoque e o rastreamento das mercadorias são ações que ajudaram a reduzir em 30% o tempo gasto com as operações internas.
Arrumar a casa é fundamental para ter entregas eficientes seja com frota própria ou terceirizada. Jamil diz que a má gestão da demanda e do estoque ou a falta de atenção aos movimentos dos consumidores compromete a operação.
“Existem também estratégias de compras eficientes que precisam ser aplicadas, mas hoje a maioria das empresas faz as famosas três cotações, não deve ser assim”, diz.
A decisão entre investir em veículos próprios ou terceirizar passa por conhecer as opções de financiamento e seguro oferecidas e compará-las aos custos de locação em diferentes prestadores.
Segundo Fábio Lewkowicz, presidente da Maestro Frotas, há empresas que optam por conciliar aluguel e carro próprio. O executivo explica que, antes de fechar negócio com seus clientes, estabelece um plano que se ajuste às necessidades do contratante.
Nem sempre o resultado indica que a locação é o mais interessante, e, embora isso possa representar a perda de um negócio, a transparência traz credibilidade.
Os resultados da Maestro mostram que a demanda por serviços de transporte está em alta. A empresa faturou R$ 50 milhões nos últimos nove meses e adquiriu a Locarcity, o que fez o grupo crescer 38% em receitas de locação.
A expansão do setor puxa as fabricantes de implementos rodoviários. A 4Truck, que produz baús e carrocerias para vans e caminhões dobrou o faturamento em 2018 em comparação a 2017 e a expectativa para 2019 é crescer 20%.