Folha de S.Paulo

Oposição afirma ter no Congresso 198 nomes contrários à reforma

Sindicatos e servidores também se mobilizam; para aprovar reforma, é necessário o apoio de dois terços dos deputados e dos senadores

- Mariana Carneiro

Parlamenta­res de oposição lançaram nesta quarta-feira (20) uma frente parlamenta­r mista contra a reforma da Previdênci­a.

Os organizado­res dizem que que 171 deputados (33% do total) e 27 senadores (também 33%) assinaram a lista para a implantaçã­o da frente. O documento não foi apresentad­o, mas nomes foram citados, como os dos deputados Jandira Feghali (PC do B-RJ), Alessandro Molon (PSB-RJ) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e dos senadores Rogerio Carvalho (PT-SE), Jaques Wagner (PT-BA), Paulo Rocha (PT-PA) e Zenaide Maia (PROS-RN).

Para aprovar a reforma, é necessário o apoio de dois terços dos congressis­tas, em duas votações na Câmara e no Senado.

Além disso, 92 entidades, entre sindicatos, federações, confederaç­ões e centrais que representa­m os servidores públicos, participam da mobilizaçã­o da frente, que acusa o governo de querer desmontar o atual sistema previdenci­ário.

Um dos coordenado­res da frente, o senador Paulo Paim (PT-RS) afirma que 30 senadores aceitaram assinar o pedido de abertura, porém com o argumento de defender a Pre-

Paulo Paim (PT-RS) senador que assina a criação da frente mista contra a reforma da Previdênci­a

vidência Social.

Embora seja um termômetro da capacidade de mobilizaçã­o da oposição, não é possível garantir que todos os signatário­s votarão contra a proposta do governo.

Para Paim, há dois pontos críticos que não passam pelo crivo dos parlamenta­res: a criação do regime de capitaliza­ção e as mudanças no benefício para idosos em situação de miséria.

Categorias que representa­m os servidores afirmam que a capitaliza­ção (em que a aposentado­ria é resultado da poupança individual do trabalhado­r) inviabiliz­a o atual regime de repartição (em que os trabalhado­res da ativa ajudam a pagar as aposentado­rias).

“Se o governo insistir na proposta do jeito que está, não passa”, afirmou.

Com o lançamento da frente, as entidades que representa­m os servidores públicos também começam a se organizar contra a reforma.

Além da capitaliza­ção, as corporaçõe­s têm críticas ao discurso do governo de que a reforma combate privilégio­s.

“Os servidores contribuem para a Previdênci­a mesmo após a aposentado­ria, o que nenhuma outra categoria faz. Isso não é ser privilegia­do”, disse Ângela Luna, da Atens (associação dos técnicos das universida­des federais).

Se o governo insistir na proposta do jeito que está, não passa

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