Superpredadores viram codinome de presidente e vice
Para os seguranças da Presidência da República, Bolsonaro ganhou o codinome “águia”, enquanto seu vice, general Hamilton Mourão, passou a ser chamado de “tubarão”.
O uso dos codinomes pela equipe de seguranças, geralmente para anunciar e organizar deslocamentos de Bolsonaro e Mourão, foi revelado pela coluna Painel no último dia 15.
Não há dúvida de que ambos são superpredadores de respeito, cada um deles um senhor quase absoluto de seu habitat. Será que algum leva vantagem?
Bem, como os seguranças da Presidência não foram específicos e existem muitas espécies de águias e tubarões por aí, faz sentido escolher os mais poderosos representantes desses grupos nos ares e nos mares do Brasil.
Seguindo essa lógica, entre os caçadores alados do país não há quem supere a harpia —chamada Harpia harpyja—, uma predadora especialmente forjada pela evolução para aterrorizar o alto das árvores nas florestas tropicais.
Também conhecida popularmente como gavião-real, a ave, na verdade, é uma das maiores águias do mundo em comprimento e peso.
A envergadura de suas asas, chegando a 2,25 metros, é relativamente modesta porque ela precisa manobrar no espaço apertado da mata fechada.
Suas garras, por outro lado, são as mais avantajadas entre todas as águias —em geral, na hora do ataque, elas se fecham em torno do coração da vítima, matando-a de modo quase instantâneo.
Tais vítimas são, com muita frequência, preguiças e macacos, embora a literatura científica registre mais de cem espécies diferentes devoradas por elas. Os ataques a animais domésticos são raros —tal como Bolsonaro, parecem ser amigas do agronegócio.
Já o grande-tubarão-branco (Carcharodon carcharias) quase dispensa apresentações, depois de se tornar celebridade em filmes como “Tubarão” (1975), um dos primeiros grandes sucessos de Steven Spielberg.
Presente no litoral das regiões Sul e Sudeste do Brasil, o bicho praticamente não tem rivais no mar —apenas orcas são capazes de atacá-lo ocasionalmente. Também são os tubarões que mais se envolvem em ataques a seres humanos, embora a taxa absoluta desses incidentes seja muito baixa, com menos de 300 casos de mordidas não provocadas em pessoas confirmados até hoje.
Como esses números sugerem, os seres humanos estão longe de ser uma parte importante da dieta do grandetubarão-branco, que prefere se banquetear com mamíferos marinhos, em especial focas e outros pinípedes —grupo que inclui ainda leões-marinhos, por exemplo. Apreciam ainda a carne de diversas espécies de golfinhos.
Além da mordida poderosíssima, esse peixe cartilaginoso conta com a capacidade de detectar os movimentos de suas surpresas por meio de um “sexto sentido” eletromagnético e consegue manter parte da sua temperatura corporal acima da que predomina na água ao seu redor.
Isso acaba funcionando como um meio-termo entre o “sangue quente” dos mamíferos e a condição dos animais ditos “de sangue frio”.
O bicho costuma erguer a cabeça acima do nível da água para espionar suas presas, coisa que poucos outros tubarões fazem.
Algumas coincidências aproximam as duas feras presidenciais. Em ambas as espécies, as fêmeas são maiores que os machos.
E ambas têm se tornado cada vez mais raras por causa da pressão das atividades humanas, como o desmatamento e a pesca predatória.