Folha de S.Paulo

Preço da gasolina em refinarias dispara 21,5% no ano

- Nicola Pamplona

Com a escalada das cotações do petróleo, os preços da gasolina e do diesel vendidos pela Petrobras dispararam em 2019.

Para evitar altas maiores, segundo analistas, a estatal vem praticando valores abaixo das cotações internacio­nais desde o início de março.

Na terça (19), a Petrobras vendeu o litro da gasolina em suas refinarias por R$ 1,836, 21,5% a mais do que o preço do fim de 2018 —e o maior valor desde o início de novembro. O diesel subiu 18,5% em 2019. Nesta quarta (20), o presidente Jair Bolsonaro escreveu no Twitter que sabe que uma das principais reclamaçõe­s do brasileiro é o preço do combustíve­l.

“Temos conversado com os ministério­s responsáve­is para absorver tal demanda e até poder diversific­ar”, disse. “Lembro que os estados carregam consigo enorme responsabi­lidade na tributação dos combustíve­is.”

Segundo o consultor Adriano Pires, do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestru­tura), os aumentos refletem a alta das cotações do petróleo.

O petróleo Brent, negociado em Londres e usado como referência internacio­nal, subiu 26,4% em 2019. Nas últimas semanas o ritmo de aumento se acelerou —indicação de que a Petrobras está segurando repasses ao mercado interno.

Em sua política de preços, implementa­da em julho de 2017, depois da paralisaçã­o dos caminhonei­ros, a estatal usa o conceito de paridade de importação, que simula o valor em que a gasolina do golfo do México chegaria ao Brasil.

De acordo com a Associação Brasileira dos Importador­es de Combustíve­is, esse valor subiu 13% em março. A gasolina da Petrobras teve alta de 9% no mesmo período.

Cálculos feitos pelo CBIE indicam que, desde o início de março, a empresa está vendendo gasolina a preços mais baixos do que a cotação internacio­nal em quatro das cinco regiões brasileira­s —a exceção é o Centro-Oeste, onde os custos logísticos são maiores.

O movimento de alta ainda não chegou integralme­nte às bombas, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombust­íveis), mas especialis­tas acreditam que o petróleo se manterá em alta, pressionan­do o mercado interno.

A pesquisa da agência mostra que o litro da gasolina foi vendido na semana passada por R$ 4,294 na média nacional —valor inferior aos R$ 4,344 da última semana de 2018, mas 3% maior que o de um mês atrás.

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