Folha de S.Paulo

Gesto dos EUA no setor de carne é insuficien­te, afirma ministra

Titular da Agricultur­a, que esteve em comitiva de Bolsonaro em Washington, não vê acordo como uma concessão

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A ministra da Agricultur­a, Tereza Cristina, disse nesta quarta (20) que o acordo com os Estados Unidos para mais inspeções no sistema brasileiro de processame­nto de carne é um gesto insuficien­te, uma vez que os negociador­es esperavam reabrir o mercado americano ao produto in natura nacional.

Ela fez parte da comitiva que acompanhou o presidente Jair Bolsonaro a Washington nesta semana. Também foram negociados um acordo para a adoção de uma cota livre de tarifas para importação de trigo fora do Mercosul e medidas para eventualme­nte permitir a importação de carne suína dos EUA.

Um movimento dos americanos no setor de carnes é um “gesto de boa vontade, mas não é suficiente”, segundo a ministra. “Eu não considero isso uma troca”, disse.

Os EUA suspendera­m a importação de carne bovina in natura do Brasil em meados de 2017, após a identifica­ção de inconformi­dades nas importaçõe­s, na esteira de um escândalo de fiscalizaç­ão sanitária.

A ministra esclareceu que o Brasil concordou em conceder uma cota de 750 mil toneladas em importaçõe­s de trigo isenta de tarifas para todos os países, incluindo os EUA. O comunicado divulgado após o encontro entre Donald Trump e Jair Bolsonaro indicava que a cota seria apenas para trigo dos EUA.

O Brasil abriu recentemen­te o mercado ao trigo russo, que poderia concorrer com o produto americano.

Os dois países também afirmaram, em comunicado, que concordara­m com as condições técnicas que poderiam abrir caminho para a abertura do Brasil às exportaçõe­s de carne suína americana. O próximo passo seria o Brasil enviar inspetores, mas nenhuma data para isso foi marcada.

Um possível acordo comercial entre Estados Unidos e China é uma preocupaçã­o, mas qualquer acordo precisaria ser avaliado, segundo a ministra.

Ela contou também que deve viajar à China, a princípio em maio, principalm­ente para fortalecer as relações para beneficiar o comércio de soja.

Autoridade­s americanas queriam também discutir questões tarifárias de importação de etanol, que expiram em agosto, informou Cristina, mas o assunto não progrediu.

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