Folha de S.Paulo

Regime Maduro prende aliado de Guaidó e o acusa de terrorismo

- SC

Agentes do Sebin (a agência de inteligênc­ia da Venezuela) detiveram na madrugada desta quintafeir­a (21) Roberto Marrero, diretor do escritório do líder opositor Juan Guaidó.

Em uma ação que começou às 2h (3h em Brasília), cerca de 15 homens encapuzado­s invadiram primeiro a casa do deputado Sergio Vergara, no bairro de Las Mercedes, na capital Caracas.

“Eles quebraram a porta da minha casa, quando os dois primeiros funcionári­os entraram, apontaram armas para mim. Disse a eles que sou deputado da Assembleia Nacional e tenho imunidade parlamenta­r. Eles me jogaram no chão, e lá me mantiveram com a cabeça baixa”, afirmou o parlamenta­r, que não foi preso, em comunicado da própria Assembleia.

Em seguida os agentes foram à casa de Marrero, a poucos metros da de Vergara, e o detiveram.

“Quando eles pegaram Roberto, ele gritou que haviam lhe mostrado dois fuzis e uma granada, mandaram que calasse a boca. Eu disse que ele tinha muita força [para encarar a situação]”, disse Vergara.

No início da noite de quinta, o regime do ditador Nicolás Maduro afirmou que Marrero está sendo acusado de integrar um “célula terrorista” que planejava ataques no país. Ele teria sido levado para a prisão conhecida como Helicoide.

Segundo o ministro do Interior e Justiça da Venezuela, general Néstor Reverol, Marrero “é o responsáve­l direto pela organizaçã­o desses grupos criminosos, de quem foi apreendido um lote de armas de guerra e divisas estrangeir­as em espécie durante uma ação de busca realizada em sua residência”.

A ação foi criticada pelos EUA e pelo Grupo de Lima, que reúne 14 países do continente americano, inclusive o Brasil.

A oposição venezuelan­a também se manifestou sobre o caso, e deputados chegaram a ir à casa de Marrero durante a ação, mas foram barrados pelos agentes.

“Eles estão sequestran­do Roberto Marrero, meu chefe de gabinete”, disse Guaidó nas redes sociais quando soube do caso.

Guaidó se autodeclar­ou presidente interino da Venezuela em janeiro e foi reconhecid­o por mais de 50 países, incluindo o Brasil e os EUA, por considerar que a eleição presidenci­al de 2018, vencida por Nicolás Maduro, foi fraudulent­a.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil