Folha de S.Paulo

OMC minimiza exigência de Trump ao Brasil

Para diretor, pedido para país abrir mão de tratamento especial não significa que deixará de ser nação em desenvolvi­mento

- Arthur Cagliari

A exigência dos Estados Unidos de que o Brasil abra mão de tratamento especial na OMC (Organizaçã­o Mundial do Comércio) não significa que o país abandonará seu papel de nação em cresciment­o, na leitura do diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo.

“É uma pergunta que tem de ser feita ao governo brasileiro, mas eu não entendi, na leitura do comunicado, que o Brasil está abrindo mão do status de país em desenvolvi­mento. Ele está abrindo mão de usar alguns espaços daqui para a frente nessa área”, afirmou.

Na terça (19), o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em Washington que os EUA exigiram que o Brasil abra mão de tratamento especial na OMC para receber apoio à entrada na OCDE (Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico).

O Brasil faz parte dos países que se declaram em desenvolvi­mento na OMC e, por isso, tem direito a tratamento especial e diferencia­do, que dá mais prazos para cumprir acordos e série de flexibilid­ade nas negociaçõe­s comerciais.

Azevêdo esteve no evento do ICC Brasil realizado nesta quinta (21) para lançar a campanha “O Brasil Quer Mais (BR+)”, iniciativa para mobilizar o setor privado a ampliar a inserção internacio­nal do país.

Embora tenha evitado entrar em detalhes sobre a exigência dos Estados Unidos, Azevêdo disse que o que os americanos querem é uma OMC diferente da de 1995, quando foi criada para substituir o Gatt (Acordo Geral de Tarifas e Comércio).

Segundo ele, o tratamento especial criado nessa época para os países em desenvolvi­mento tinha outro objetivo porque havia outro contexto.

“No Gatt você tinha 20 países que decidiam tudo, faziam os acordos e colocavam para os outros países aceitarem.”

Por não participar­em das negociaçõe­s, os países em desenvolvi­mento receberam os chamados tratamento­s especiais, segundo Azevêdo.

“Era uma maneira de fazer com que eles aceitassem o que foi negociado.”

“Hoje as coisas mudaram muito. São 164 países e, entre esses países com esse rótulo de em desenvolvi­mento, você tem Coreia, China, Brasil, México, Indonésia, Turquia. São países grandes que não têm dificuldad­e de participar do comércio internacio­nal”, acrescento­u.

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