Folha de S.Paulo

Serviço funerário é o pior da prefeitura, diz Bruno Covas

Em entrevista ao Agora, prefeito diz que suposta ruptura com Doria é fofoca

- Fábio Haddad e Hanuska Bertoia

O prefeito Bruno Covas (PSDB) afirmou em entrevista exclusiva ao jornal Agora (do mesmo grupo que edita a Folha) que considera os cemitérios municipais o pior serviço prestado pela prefeitura.

Para Covas, a solução é a concessão do Serviço Funerário Municipal. O prefeito também falou sobre falta de médicos nos postos de saúde, sua relação com o governador João Doria (PSDB) e expectativ­as para a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

A prefeitura alterou regras do vale-transporte pelo Bilhete Único, reduzindo o número de viagens. A prefeitura afirma que os empresário­s têm de arcar com a tarifa a mais. Em meio à crise e desemprego, o trabalhado­r tem como pedir isso ao patrão?

É uma obrigação prevista na legislação trabalhist­a. Não tem sentido a prefeitura continuar subsidiand­o uma obrigação do patrão. Essa conta não fecha. Eram R$ 412 milhões por ano para subsidiar uma obrigação das empresas. Acredito muito que elas vão ter consciênci­a de que precisam respeitar a legislação.

O senhor anunciou que o Minhocão será transforma­do em parque em várias etapas. Já há uma data?

Não, ainda não tem uma data exatamente porque o estudo que a CET tinha era da desutiliza­ção de todo o Minhocão. Decidimos que apenas parte dele, que é a parte que começa na praça da República e vai até o largo Santa Cecília, vai ser transforma­do em parque. A CET está adaptando o estudo para esse primeiro trecho, para minimizar o impacto no trânsito. A ideia é inaugurar o primeiro trecho até o final de 2020. Nossos leitores também se preocupam com a situação dos cemitérios da cidade. O Agora mostrou em várias reportagen­s a situação de abandono. Na minha avaliação, o Serviço Funerário é o pior serviço prestado pela Prefeitura de São Paulo. Espero que a Câmara possa nos autorizar a avançar na desestatiz­ação do Serviço Funerário. A prefeitura não dá conta de todos esses cemitérios. A reclamação é generaliza­da: classe A, B, C, D, E, em todos os cantos da cidade. Esse é um problema antigo, enraizado, que não tem como melhorar se o serviço continuar sendo prestado pelo poder público.

Outro problema é a falta de médicos. Como resolver?

Com fiscalizaç­ão. Porque temos 13 mil médicos contratado­s pela prefeitura, seja pelas OSs ou concursado­s. Quando olhamos os números, parece que a saúde do município é excepciona­l, maravilhos­a, mas, quando visitamos lá na ponta uma UBS, a reclamação é generaliza­da.

Em janeiro, o senhor disse que tinha esperança de o presidente, em quem declaradam­ente não votou, avançasse nas reformas. Qual a sua avaliação do governo?

O presidente apresentou a reforma da Previdênci­a, o que já é uma melhora. A expectativ­a é que o Brasil cresça muito com a aprovação desta reforma. E estamos pagando aqui, na prefeitura, esse preço da exclusão. O desemprego, o aumento do número de pessoas morando na rua, de pessoas pedindo cesta básica, enfim, de pessoas buscando a rede pública. Com o Brasil voltando a crescer, os municípios são ajudados de forma indireta. Portanto, tenho expectativ­a e vou solicitar a todos os deputados com quem tenho contato que votem a favor da reforma.

O senhor acha que esse seu posicionam­ento, de não ter votado no Bolsonaro e outras questões, o afastou de Doria?

Não, acho que não. Ele respeita minhas posições como respeito as dele.

Mas são opostas sob vários aspectos?

Acho que, no principal, somos a favor: a questão da desestatiz­ação, os investimen­tos na área social...

Como o senhor classifica sua relação com Doria hoje? E essas informaçõe­s que foram veiculadas de uma ruptura entre vocês?

Se pegarmos os jornais de 1980 para cá, sempre vai ter esse tipo de fofoca. Não tem nenhum problema.

É fofoca?

Total.

Excelente.

O senhor ficou no centro de uma polêmica por causa da viagem quando um temporal atingiu a capital Esses afastament­os foram necessário­s?

Qualquer trabalhado­r tem um mês de férias por ano. Prefeito não tem. Então, sempre que precisa descansar um, dois, três dias, precisa tirar licença não-remunerada. Fazemos tudo às claras aqui. Não chega nem a um mês por ano. No período de prefeito, 15 dias. O que não tinha como era adivinhar essa quantidade imensa de chuvas. Choveu em dezembro, choveu em janeiro, choveu em fevereiro e as nossas equipes deram resposta.

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Otavio Valle/Folhapress O prefeito de São Paulo, Bruno Covas

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