Folha de S.Paulo

Anfitriã carioca, doou casarão e mais de 6.000 obras de arte

ODALEA BRANDO BARBOSA (1927-2019)

- Anna Satie

Quando o banqueiro Jorge Brando viu Odalea passeando nas calçadas de Copacabana, foi paixão à primeira vista. Casaram-se após um rápido namoro e, juntos, tornaram-se notórios pela enorme coleção de arte que angariaram.

Ergueram um casarão que ocupa todo um quarteirão no bairro do Jardim Botânico, no Rio, e povoaram-no com um acervo de quase 6.000 peças. São quadros, esculturas e outras

miudezas, a maior parte em estilo sacro. Também integram a coleção móveis que já pertencera­m à realeza imperial, como uma banheira esculpida em mármore que pertenceu a Teresa Cristina, esposa de d. Pedro 2º.

Decoração digna para as recepções que o casal organizava. “Ela adorava festa. Recebeu reis, celebridad­es, presidente­s”, conta o amigo, José Marçal. O talento de Odalea como anfitriã é sempre citado por quem a conheceu. “Apesar de toda sua elegância, ela tinha o poder de fazer todos se sentirem à vontade”, lembra outra amiga, Celina.

Odalea sabia fazer piada de tudo e narrar uma história como ninguém. “Eu posso até te dizer o conteúdo, mas não vai ser igual a quando ela contava”, diz sua assistente, Marília.

Após ficar viúva em 2002, a vida de Odalea foi dedicada a preservar o legado do marido. Certa vez, afirmou em entrevista que não eram as preciosida­des que tornavam a casa valiosa para ela, mas as lembranças que guardava de lá.

Doou a mansão e todos os seus itens ao Museu de Arte Sacra de São Paulo, que planeja transformá-la em uma casa-museu. A ideia é que a instituiçã­o seja aberta ao pú- blico, com oferta de cursos e oficinas voltados à restauraçã­o e conservaçã­o de arte.

Odalea morreu na última quarta-feira (13), um dia antes de seu aniversári­o de 92 anos. Deixa amigos e o palacete pelo qual zelou por tantos anos.

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